Sinais de esperança surgem em meio a um momento tão complicado para nos mostrar que precisamos seguir em frente
É em meio a tantos momentos massacrantes e fatos extenuantes que o mundo vai mudando. Há sim uma catástrofe mundial sanitária, ainda pior no Brasil desgovernado pelo negacionismo, mas sinais luminosos existem – e nada melhor do que ter no que se apegar para seguir em frente. Vamos falar de Ivete Sangalo, Joe Biden e cerveja?
Pode parecer que nada disso se conecta, mas são três sinais de que nada será como antes amanhã, já diria Milton Nascimento. Uma live de Dia das Mães que deixou de lado no último domingo, 9 de maio, a visão de que mãe é uma mulher que precisa de um galã sedutor em sua vida.
Saíram de cena Fábio Junior e Roberto Carlos para a entrada de Ivete. A atração para as mães não era um príncipe encantado, era uma rainha arretada que não se furtou de mandar seu recado. Se a gente ama mamis Sangalo descendo a lenha em cima do trio (ai que saudades), também estamos apaixonados pela capacidade que ela tem de ser um símbolo além-ritmo.
Não existe Carnaval sem Ivete, mas mais do que isso, ela se tornou um nome forte da publicidade que consegue agradar os mais diferentes públicos e conquistar os mais massificados locais de propaganda. Um lugar conquistado com uma carreira indiscutivelmente de sucesso e muito talento sem fazer pose, tipinho, sem ser quem não é.
Ivete é sexy, não sexualizada. É a mulher, mãe, esposa, empresária, foliã, cantora. Leva o filho músico para o palco na live, homenageia Paulo Gustavo e exibe uma família homoafetiva para o Brasil todo ver em uma data super tradicional, cheia de protocolos e construções. Falou sobre vacina, ciência, conscientização – não ficou apenas nos elogios, nas fofices, nas amenidades.
Um Roberto Carlos do novo tempo no simbolismo cultural, Ivete cantou com propriedade Cassiano, Jota Quest, Cidade Negra, misturou com seus sucessos mais calminhos e com o tambor quente da Bahia em um novo formato cultural que surgiu com a pandemia. Já foi emblemática sua primeira live, aquela com o marido e o filho (e os bichinhos de pelúcia!) em casa, nesta foi política, conectada.
Sai o galã e entra a poderosa.
Uma mudança alinhada também na mais influente política do mundo, a dos Estados Unidos. Sem esquecer a Parada LGBT que foi a posse de Joe Biden com Lady Gaga e Jennifer Lopez cantando, no tradicional e politicamente estratégico discurso do novo presidente ao Congresso a imagem que se viu era muito diferente do tradicional.
Pela primeira vez em sua História, os Estados Unidos assistiram um presidente ladeado apenas por mulheres: a vice Kamala Harris (também presidente do Senado) e Nancy Pelosi, presidente da Câmara. Além disso, Biden também anunciou para 2022 uma equipe militar formada apenas por pessoas LGBT. Chupa, don’t ask, don’t tell!
E como avaliar a mudança de rumo da propaganda da cerveja Itaipava? Depois de décadas de polêmicas e muitas brigas, com direito a processos judiciais, sobre a objetificação da mulher nestas propagandas, temos um comercial de cerveja que pode ser chamado até de feminista. Nanda Costa e Aline Riscado protagonizam a história onde até mesmo a figurante que passa lá atrás, na rua, fora do bar, é mulher.
A Avon também entrou na onda e colocou o ex-BBB Lucas Penteado como um homem que usa maquiagem em uma campanha que vem toda falando de luta. A Nescau também costurou mais de um recorte social e lançou comercial com imagens desde criança até a fase adulta da influencer trans Safira Ventura, enquanto o canudo de plástico descartado incorretamente permanece intacto no oceano.
Porque quando tudo isso passar, e vai passar, a gente tem a obrigação de ser melhor.