Contexto do lendário “Paris is Burining” faz com que se abram discussões sobre gênero, ativismo negro e estudos trans

Por Eduardo de Assumpção*

“Paris is Burning” (EUA, 1990) O filme, de Jennie Livingston é um dos maiores ícones do cinema LGBTQIA+ e representa o início do movimento new queer cinema. O documentário retrata a cultura dos ‘ballrooms’ no final dos anos 1980, no Harlem, em Nova York (EUA). Sua abordagem faz com que se abram discussões sobre gênero, ativismo negro e estudos trans.

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Em ‘Paris is Burning’ é possível conhecer as ‘famílias’, grupos de gays marginalizados que se uniam em uma comunidade capitaneada por uma ‘mãe’. Somos transportados a uma época onde ser gay era tabu e, gay negro, ainda pior. Essas pessoas encontravam nos bailes uma saída para as amarras impostas pela sociedade. Os bailes traziam categorias onde os integrantes de cada família desfilavam disputando por troféus.

As entrevistas revelam personalidades ricas como de Pepper La Beija que, mesmo diante de um presente decadente, vive em toda sua complexidade apegada ao luxo de outrora. Os depoimentos de jovens e veteranos contextualizam o conceito das famílias e dos bailes. Venus Xtravaganza é outra personalidade que tem destaque na narrativa construída pela diretora.

O espectro que rodeia o filme porém não é de glamour e traz uma atmosfera sombria. Naquela época se vivia o auge da epidemia da AIDS e, apesar de isso não ser abordado diretamente no filme, está muito subentendido naquele ambiente marginal. ‘Paris is Burning’ também nos mostra que Vogue, imortalizado por Madonna, começou como uma dança onde queers disputavam na pista de dança fazendo carão e poses da famosa revista.

O coreógrafo mais celebrado do movimento representava a casa Ninja e inclusive coreografou pra Madonna. Mais recentemente ‘Paris is Burning’ e o período em que aconteceu serviu como inspiração para a série “Pose”, de Ryan Murphy. A atração popularizou ainda mais o filme e é um sucesso, tendo o maior elenco formado por atrizes trans retratando com originalidade e realismo os conflitos da época.

Legendário!

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram: @cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib