A falta de ambulatórios que atendam pessoas trans e a luta para que eles sejam uma realidade
Por Michelly Longo*
Precisamos falar mais sobre ambulatórios trans! Existem tantas pessoas transgêneros no Brasil e tão poucos ambulatórios. Depois as pessoas reclamam de existirem tantas hormonizações por conta própria.
Muitos não entendem que nós não temos alternativa, é o único caminho pra quem quer fazer hormonização. Se não for assim, muitos de nós continuarão infelizes e presos em corpos que não lhes pertencem.
Além de uma consulta com endócrino e psicólogo ser extremamente cara, nem todos esses profissionais são especializados em transgeneridade. Fora que mesmo que fossem, nem todas as pessoas têm condições de arcar com consultas periódicas.
É um absurdo que as gestões dos municípios brasileiros não se preocupem com a saúde de pessoas transvestigeneres e façam de conta que nós não existimos. As próprias pessoas cruzam os braços, fecham os olhos…
Além de uma consulta com endócrino e psicólogo ser extremamente cara, nem todos esses profissionais são especializados em transgeneridade. Fora que mesmo que fossem, nem todas as pessoas têm condições de arcar com consultas periódicas.
É apenas mais um dos descasos para com a nossa comunidade, aqui onde eu moro (Porto Seguro, Bahia) não tem… O mais próximo fica em Salvador, que é a 12 horas daqui. Triste, mas provavelmente não terá um por aqui tão cedo porque nenhum projeto de governo dos vereadores e prefeito visa algo do tipo. Ou trazer profissionais capacitados e especializados.
As pessoas do “movimento” que aqui existe não movem uma palha pra fazer algo por nós mesmos.
Mas eu estou aqui tentando fazer a minha parte, mesmo que sozinha. Porque na hora que se concretizar, todo mundo se beneficia, mas na hora de correr atrás, ninguém quer. Nem dão os créditos a quem realmente é de direito, enfim…
Depois as pessoas reclamam de existirem tantas hormonizações por conta própria. Muitos não entendem que nós não temos alternativa, é o único caminho pra quem quer fazer hormonização.
Torçam, pois, vai ser uma luta árdua, espero obter êxito. Sem luta não há vitória.
Seguimos tentando.
*Michelly Longo é ativista trans negra, baiana, cozinheira de profissão, casada e cheia de boas experiências para compartilhar.
