BOM TRABALHO

Inclusão LGBT no Ambiente Corporativo: construindo um ambiente mais seguro

Por Bruno Pinto*

Segundo o “Observatório Sobre Empregabilidade LGBT”, somente 32% dos profissionais LGBTs se sentem acolhidos nas empresas onde trabalham, enquanto 35% deles relatam já terem sofrido discriminação em ambiente corporativo: dados como estes nos mostram que a inclusão de profissionais LGBTQIAP+ no mercado de trabalho é um tema complexo, que abrange questões de pertencimento, segurança e confiança.

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Desde quando me reconheci como indivíduo, eu sabia que não era como os outros garotos da escola. E eles também sabiam disso, e faziam questão de me lembrar que eu não pertencia ao grupo do que era considerado “normal”. Após concluir meus estudos, comecei a trabalhar em uma grande multinacional.

No trabalho, eu me sentia seguro para eu ser quem eu era, ainda que o tema de diversidade e inclusão não fosse tratado especificamente pela companhia. Claramente, o fato de trabalhar na sede da companhia facilitava a sensação de confiança e segurança; essa sensação mudou quando fui transferido para um cargo em uma regional de vendas.

Essa mudança me levou, por escolha própria, de volta ao armário. Modifiquei minha forma de falar, de andar e até meu corte de cabelo, acreditando que havia um padrão ao qual eu deveria me adequar para ser respeitado. Com o tempo, percebi que a cultura inclusiva não se limitava apenas ao escritório, mas também às operações de base. Esse ambiente seguro me proporcionou a confiança necessária para abandonar de vez a fachada e ser eu mesmo.

No trabalho, eu me sentia seguro para eu ser quem eu era, ainda que o tema de diversidade e inclusão não fosse tratado especificamente pela companhia.

Entretanto, ao dialogar com outros colegas LGBTs da empresa, percebi que o receio de não ser aceito não era exclusivo meu. Muitos ainda permaneciam no armário, temendo como seriam recebidos no ambiente de trabalho. Com essa compreensão, decidimos criar um grupo de diversidade, fundado por funcionários e com o apoio da alta liderança, para oficialmente estabelecer um ambiente acolhedor à essa população.

Revisitamos as políticas da empresa, garantindo que todos os colaboradores tivessem os mesmos benefícios que anteriormente eram aplicáveis apenas a casais heterossexuais. Além disso, passamos a fazer parte do Fórum de Empresas e Direitos LGBTs, aprendendo com as melhores práticas de outras organizações. Também nos tornamos patrocinadores oficiais da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, deixando claro nosso apoio à causa.

Promover um ambiente seguro e inclusivo para a população LGBT+ é estratégico para empresas. Dados mostram que aquelas que valorizam a diversidade têm 25% maior chance de apresentar lucratividade acima da média. No entanto, a promoção da empregabilidade da população LGBT+ vai além da simples abertura de vagas afirmativas.

Envolve também o desenvolvimento de programas de capacitação, mentorias e suporte emocional. Acolhimento e respeito são os pilares essenciais para que essa inclusão seja efetivamente promovida, permitindo que os trabalhadores se sintam seguros para serem autênticos e produtivos.

*Bruno Pinto iniciou sua trajetória profissional na Philip Morris Brasil em 2016 e atualmente é gerente de Relações Institucionais.
Referência: Por que é importante a diversidade nas empresas.