UFMG discute necessidade de maior abertura de universidades para pessoas LGBT+

“A UFMG precisa declarar publicamente que pessoas LGBTQIAPN+ são bem-vindas neste espaço. A Universidade é ainda tímida nesse sentido e não pode seguir dependendo das histórias e ações de pessoas isoladas para observar avanços nos direitos LGBT+ na instituição”, afirmou o professor Marco Aurélio Prado, coordenador do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT+ (NUH) da UFMG, durante mesa em que se discutiu a diversidade e a inclusão de pessoas LGBT+ na Universidade. A atividade, que integra a Semana do Servidor 2023, foi realizada em 18 de outubro, no auditório da Reitoria, com transmissão pelo YouTube.

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O professor apresentou uma linha do tempo composta de ações encampadas por pessoas LGBT+ na UFMG, desde seu ingresso como docente do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), em 2002. Intitulado Linha do tempo não recomendada à sociedade, o percurso explorou, entre outros eventos, as reações da comunidade universitária a trotes homofóbicos que eram praticados livremente no início dos anos 2000 e as lutas que resultaram em políticas como a resolução que institui o uso do nome social na instituição, publicada em 2015.

Segundo Marco Aurélio, embora haja conquistas, que devem ser celebradas pela comunidade, “esta não é uma história de sucessos”. O professor lembrou que a onda reacionária que dominou o país nos últimos anos, que culminou no bolsonarismo, também contribuiu para a aparição de figuras reacionárias no âmbito da comunidade universitária, contrárias à presença de pessoas LGBT nos espaços da UFMG.

Mesa discutiu a diversidade e a inclusão de pessoas LGBT+ na Universidade

Para ele, “o problema segue vivo, embora adormecido, ao nosso lado”. “O preço de se assumir como uma pessoa LGBT na Universidade ainda é muito alto. Muitas pessoas não o fazem por medo de não conseguir acessar mais certos espaços, como os de poder e resoluções. Os pedágios são bem mais caros para pessoas LGBT+”, alertou.

Comissão

Recentemente, a UFMG instituiu comissão encarregada de propor uma política LGBT+ para a instituição. O grupo, composto de servidores docentes e técnico-administrativos e de estudantes, vai ouvir diversos segmentos, entre os quais, grupos de pesquisa que estudam a temática LGBTQIAPN+, pró-reitorias, órgãos administrativos e coletivos. A coordenadora da comissão, Joana Ziller, professora da Fafich, também participou da discussão. Para ela, “as falas apresentadas na mesa deixam ainda mais explícita a necessidade dos trabalhos da comissão e da política que queremos construir.”

O preço de se assumir como uma pessoa LGBT na Universidade ainda é muito alto.

“Notem que a mesa começa com a exposição das biografias, para que as pessoas falem de sua relação com a Universidade. O fato de as pessoas terem de apresentar a própria biografia para falar de uma temática explicita a inexistência de uma política institucional consolidada”, afirmou.

A atividade desta manhã teve mediação da pró-reitora adjunta de Recursos Humanos, Leônor Gonçalves, e moderação da servidora técnico-administrativa Cristina del Papa, coordenadora-geral do Sindifes, que apresentou, ainda, um breve histórico das dificuldades enfrentadas para se trabalhar a questão LGBT+ na área sindical. “Ainda é um meio misógino, machista e muito LGBTfóbico. Precisamos avançar muito nesse tema”, ponderou.