Apuke lança “Ca$ada Com Ela” para dar visibilidade a lésbicas no movimento Hip Hop

Sonhadora, inquieta e sempre em busca de algo novo. São essas as três características que servem bem para apresentar Apuke e o modo como ela vê e faz arte. DJ desde os 16 anos, a paulistana começou a carreira tocando em festas de casamento, o que a ajudou a ampliar o repertório, e logo depois se encontrou no Hip Hop e no coletivo Quebrada Queer, onde é produtora musical. Mas ela quer mais…

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E é dessa vontade de se experimentar e de se desafiar que nasce a faixa – acompanhada de videoclipe – “Ca$Ada Com Ela”, um projeto pensado e dirigido pela própria Apuke em parceria com Lucas Kakuda. Voltando às raízes, mais especificamente para a cidade onde cresceu, Piracicaba (SP), a DJ, produtora e agora MC e compositora contou com a ajuda de amigos locais, exaltando algo que está sempre presente em seus trabalhos: o aproveitamento máximo dos recursos que tem disponíveis no momento.

“Eu quero muito mostrar com ‘Ca$Ada Com Ela’ que é possível trazer um trabalho de qualidade com o acesso reduzido. É muito mais sobre o carinho e a determinação para fazer tudo acontecer. Essa música e esse clipe afirmam que o meu trabalho é bem feito, diante das minhas dificuldades”, conta.

Além de mostrar o resultado de um processo longo de desconstrução, em que deixou o medo de lado e se permitiu fazer coisas que sempre quis, como cantar e compor, Apuke dá vida à “Ca$Ada Com Ela” também com intuito de falar sobre amor e sexo de sua perspectiva, enquanto mulher lésbica. “Eu estava cansada de querer músicas que falassem sobre isso e só ter homens como protagonistas das narrativas. Nós, mulheres lésbicas, temos o total direito de falarmos sobre o que quisermos”, destaca.

A música é libertação e é realizador quando outras pessoas podem sentir o mesmo. O preconceito na cena do rap, do trap e do funk existe.

Integrante do Quebrada Queer há três anos, Apuke sempre foi apaixonada por música e continua buscando alternativas para gerar impacto com o seu trabalho. Agora, também em carreira solo, ela visa muitas mudanças, mas permanece fiel ao seu propósito de expandir as possibilidades de fazer arte e entregá-la para o maior número de pessoas.

“‘Tive coragem de mostrar que a Apuke é uma artista eclética e que tem capacidade de fazer beat, cantar, escrever, de dirigir um clipe, de pensar no roteiro e no figurino. Esse trabalho serve para exaltar o potencial de uma mulher periférica que aprendeu quase tudo sozinha, e acho que a partir de agora não me limitarão ou me enxergarão mais apenas como a beatmaker ou a DJ”.

Apuka: Esse trabalho serve para exaltar o potencial de uma mulher periférica

Tendo a música como uma de suas principais aliadas na vida e como uma ferramenta de transformação potente, Apuke entra em um ciclo diferente e cheio de surpresas, e espera inspirar e evidenciar para todas as mulheres lésbicas e LGBTQIA+ que as cenas do rap, do trap e do funk também às pertencem, e que só é possível diminuir os preconceitos dentro delas, ocupando-as.

“A música é libertação e é realizador quando outras pessoas podem sentir o mesmo. O preconceito na cena do rap, do trap e do funk existe. E acho que a revolução é justamente essa, levar adiante a vontade de fazer as coisas, de compartilhar isso, para que as pessoas se sintam encorajadas e saibam que elas têm esse direito. É uma maneira de furar a bolha, uma vez que você coloca a sua cara a tapa e afirma que você pode fazer o que quiser.  Parte dessa revolução, sou eu enquanto mulher, todos os dias ter força para levantar e falar que eu consigo e que vou dar o melhor de mim, é  toda a construção desse trabalho”.