Pode parecer kitsch e irreverente para ser digno de investimento emocional, mas “Death Drop Gorgeous” vai ficar sob sua pele

Por Eduardo de Assumpção*

“Death Drop Gorgeous” (EUA, 2020) Brilho. Glamour. A emoção dos aplausos. É um sentimento pelo qual alguns matariam – e nesta brincadeira alegre da equipe criativa de Michael J Ahern, Christopher Dalpe e Brandon Perras, as rivalidades de drag queens se estendem além de meras facadas metafóricas nas costas. Não são as próprias queens que estão morrendo, mas sim os jovens gays que frequentam o clube onde se apresentam – e o assassino parece estar drenando seu sangue. Isso leva matar a um nível totalmente novo.

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Em uma situação como essa, todo mundo é suspeito e  todos tem motivo para entrar em pânico. O desprezível proprietário do clube Tony Two Fingers (Brandon Perras) está preocupado com os resultados. O policial corrupto O’Hara (Michael J Ahern) está ficando sem lugares para despejar corpos, enquanto seu parceiro (Sean Murphy) ainda está aceitando o fato de que eles não fazem as coisas pelo livro.

A estrela drag do momento Janet Fitness (Matthew Pidge) quer chegar ao topo a qualquer custo; a velha e amarga profissional Gloria Hole (Michael McAdam) quer suas noites de sábado de volta; e o gótico cínico Tragedi parece querer obscurecer o clima. O palco está montado para a carnificina.

Seguindo os amigos Dwayne (Wayne Gonsalves) e Brian (Christpher Dalpe), que se encontram no meio de todo esse caos, Death Drop Gorgeous é uma ode barata e alegre à glória do drag que leva na contribuição que deu para cinema. As drags são divas Giallo e o gênero italiano vem à tona em sequências de assassinato que prestam a devida homenagem.


Os atores estão comprometidos com seus papéis, a comédia é muito eficaz e essa maldade tão importante é bem implantada, pois os personagens miram não apenas um no outro, mas também em problemas sociais reais, como o racismo na cena de namoro gay.

Pode parecer inicialmente muito kitsch e irreverente para ser digno de investimento emocional, mas Death Drop Gorgeous vai ficar sob sua pele. Embora a familiaridade com a cultura drag ou o cinema de terror aumente a diversão, nenhum dos dois é realmente necessário. Se você está disposto a aceitar a falta de orçamento e quer se divertir, este filme vai garantir bons momentos.

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram: @cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib