“It Is in Us All” é um turbilhão de dúvidas, aceitação do próprio passado e o lidar com momentos de dor

Por Eduardo de Assumpção*

“It Is in Us All” (Irlanda, 2022) A costa da Irlanda serve como um catalisador para o desenrolar furioso de um homem no primeiro longa atmosférico da atriz Antonia Campbell-Hughes como diretora. ‘It Is in Us All’ é um retrato visceral da masculinidade em sua forma mais pura e desenfreada, é ancorado pela força da natureza de sua estrela Cosmo Jarvis.

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Criado na Inglaterra, Hamish (Jarvis), um homem de 30 anos, retorna à cidade natal irlandesa de sua falecida mãe para ver a casa que herdou de sua tia antes de vendê-la. Mas em seu caminho para lá, um fatídico acidente de carro o leva ao hospital sem ferimentos graves, mas com uma ferida moral torturante: na colisão, um adolescente no outro carro morreu, enquanto outro passageiro, Evan, de 17 anos, (Rhys Mannion), sobreviveu.

Evan se aproxima de um Hamish problemático, e os dois começam a passar um tempo juntos. Hamish aprende cada vez mais sobre sua mãe na Irlanda, que seu pai empreendedor Jack (Claes Bang) havia escondido dele. Ele se aprofunda cada vez mais em um turbilhão de dúvidas, aceitando seu próprio passado e lidando com o acidente fatal.

O que ele esperava resolver em uma viagem rápida se transforma em um cataclismo da alma que desconcerta sua compreensão de quem era sua mãe e sua própria identidade como homem: mais precisamente, como o irlandês que poderia ter sido se ele tivesse ficado lá.

À medida que um interesse mútuo se desenvolve entre Hamish e Evan, que estão unidos em seu conhecimento do que realmente aconteceu na noite do acidente, a turbulência interna do primeiro começa a fluir incontrolavelmente para fora dele de maneira cada vez mais destrutiva. É como se este lugar e esta relação indefinível com alguém muito mais jovem despertasse nele algo que já não consegue reprimir.

A beleza natural do terreno rural e da água que o envolve faz sobressair o melhor trabalho de cada um. As imagens bucólicas do diretor de fotografia Piers McGrail quase podem fazer alguém sentir o ar. A estranha melancolia dos quadros mais sombrios, ricos em seus tons escuros, encontra companhia nas ondas penetrantes de música excitante e misteriosa de Tom Furse.

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram: @cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib