“Sex” traz roteiro com tópicos como masculinidade, relacionamentos e expectativas sociais com nuances

Por Eduardo de Assumpção*

“Sex” (Noruega, 2024) Dag Johan Haugerud desenrola, o primeiro filme de uma trilogia, em um subúrbio de verão de Oslo, onde dois homens, limpadores de chaminés, heterossexuais, Feier (Jan Gunnar Roise) e Avdelingsleder (Thorbjorn Harr), estão cheios de questionamentos, que terá implicações de longo alcance em seus relacionamentos familiares.

Leia também:

“Skincare” é vagamente baseado na celebridade visagista Dawn DaLuise

Júlio Bressane volta a abordar o amor sáfico, com uma vitalidade artística, imersa no contemporâneo

Com 4 prêmios no Festival de Tribeca, filme cearense entra em cartaz

Feier admite ter feito sexo casual com um estranho. Avdelingsleder então descreve um sonho em que ele é uma mulher que faz sexo com David Bowie. Isso o deixa confuso e questionando o quanto sua personalidade é moldada pela forma como ele aparece para os outros. Sua esposa (Brigitte Larsen) mais tarde aponta: “a homossexualidade não é apenas uma identidade, é uma atividade”.

Entre os muitos aspectos que tornam Sex marcante estão os corpos dos dois homens, que são absolutamente medianos em relação aos atores que costumam povoar o cinema. Este filme não é a realização de um desejo de fantasias homoeróticas. Sem sensacionalismo ou melodrama, Haugerud cria um estudo de personagem compassivo que abraça a vulnerabilidade.

O roteiro aborda tópicos como masculinidade, relacionamentos e expectativas sociais com nuances. O estilo visual é discreto, com um trabalho de câmera contemplativo que permite examinar de perto os personagens principais, no topo das chaminés da capital norueguesa.

A trilha sonora inclinada ao jazz, de Peder Kjellsby, flutua através de interlúdios como reflexões. Apresentações musicais emocionantes proporcionam uma pausa no diálogo enquanto um coro ensaia obras como “Into My Arms”, de Nick Cave.

Sex explora a fluidez de gênero, sexualidade e autopercepção. Em vez de reforçar estereótipos, Haugerud desmonta suposições sobre masculinidade. Seus protagonistas descobrem que a heterossexualidade não nega momentos de desejo homossexual.

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib