Quantas mais precisam morrer ou serem agredidas pra fazer jus à visibilidade?
Por Michelly Longo*
A ideia surgiu em 2004, quando um grupo de ativistas trans participou, no Congresso Nacional, do lançamento da primeira campanha contra a transfobia.
A ação foi promovida pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, com o objetivo de ressaltar a importância da diversidade e respeito para o movimento trans, representado por travestis e transexuais.
A data passou, então, a representar a luta cotidiana das pessoas trans – especialmente as que se encontram em situação de vulnerabilidade – pela garantia de direitos e pelo reconhecimento da sua identidade.
O Dia da Visibilidade Trans tem sua origem no lançamento de uma campanha do Ministério da Saúde voltada para a promoção do respeito e da cidadania da população travesti e transexual. A campanha “Travesti e Respeito”, lançada no dia 29 de janeiro de 2004, foi idealizada em parceria com o movimento de travestis e transexuais do Brasil e é considerada a primeira iniciativa nacional contra a transfobia no País.
Ainda precisamos de muitos e muitos dias lutando pra conseguir ainda mais mudar a imagem e desconstruir o ódio gratuito que sentem por nós, ainda será uma luta árdua…
Por isso, desde então, o dia 29 de janeiro é datado como um dia que marca a visibilidade de travestis e transexuais e suas lutas por direitos, incluindo-se o direito à saúde, reconhecimento e respeito.
Ainda precisamos de muitos e muitos dias lutando pra conseguir ainda mais mudar a imagem e desconstruir o ódio gratuito que sentem por nós, ainda será uma luta árdua… Creio que um dia consigamos, mas quantas mais precisam morrer ou serem agredidas pra fazer jus à visibilidade?
Quando vemos atentados, mortes, desmerecimento, pessoas que não respeitam os pronomes, nomes sociais, vejo que mudou foi muito pouco de 2004 até aqui, a visibilidade e a invisibilidade andam lado a lado.
Creio que um dia consigamos, mas quantas mais precisam morrer ou serem agredidas pra fazer jus à visibilidade?
O atentado a Carolina Iara, Érika Hilton pedindo proteção ( ambas eleitas pelo povo), a morte de Ygona (causada pelo covid-19) e a repercussão negativa que tudo isso tomou às vésperas do Dia Nacional da Visibilidade Trans, só me faz refletir que o caminho é mais longo do que se imagina.
Mais uma vez o questionamento: visibilidade pra quem?
*Michelly Longo é ativista trans negra, baiana, cozinheira de profissão, casada e cheia de boas experiências para compartilhar.