Dúvida e desejo permeiam a vida do cotidiano dos personagens de “Matthias & Maxime”

Por Eduardo de Assumpção*

“Matthias & Maxime” (Canadá, 2019) Xavier Dolan é um dos nomes do momento no cinema mundial. O jovem ator e cineasta, já realizou 8 longas, lançou recentemente uma série, e desde sua obra prima Mommy, de 2014, têm todos os olhos voltados para si. Com referências que vão de François Truffaut à Gus Van Sant, Dolan já possui um universo próprio, com uma estética peculiar, temas recorrentes e trilha sonora que sempre causam.

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Seu último longa, Matthias & Maxime, acompanha alguns dias de dois amigos de infância, que tem sua relação transformada, após precisarem se beijar para um curta, em uma festa entre amigos. Matthias, interpretado por Gabriel D’Almeida Freitas, e Maxime, pelo próprio Xavier Dolan, com uma aparência bem diferente da de costume, com uma mancha no rosto, são levados a repensar toda sua relação e encarar o despertar de sentimentos adormecidos.

Como de costume nos filmes de Dolan, os problemas maternos vêm à tona na relação de Maxime com sua mãe, o jovem está de partida para a Austrália, onde pretende começar uma nova vida. Enquanto Matthias é casado e bem sucedido no trabalho. Dúvida e desejo passam a permear a vida do cotidiano dos dois personagens ainda que a homossexualidade não seja algo latente em nenhum dos dois, mas que finalmente começa a se manifestar.

O personagem McCaffe, vivido por Harris Dickinson, de Beach Rats entra em cena apenas para fazer o filme mais belo e criar uma certa tensão sexual.

É em uma de suas cenas que Dolan, manda uma Britney Spears, com ‘Work Bitch’, exaltando sua identidade queer. Pet Shop Boys e Arcade Fire também estão na trilha. ‘Matthias & Maxime’, respeita o estilo criado por Xavier Dolan, e o principal destaque acaba sendo sua atuação, agora mais maduro, do que quando começou aos 20 anos em ‘Eu Matei minha mãe,’ de 2009.

Disponível na @mubibrasil.

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram: @cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib