“Solo” tem romance e família entrelaçados por uma paixão ardente demais
Por Eduardo de Assumpção*
“Solo/Drag” (Canadá, 2023) Simon (Théodore Pellerin) é uma jovem drag queen que se apresenta em um clube de Montreal. Lá, ele se aquece com o mais novo artista do clube, Olivier (Felix Maritaud). Simon está perdidamente apaixonado por Olivier, que está disposto a dar-lhe seu tempo inicialmente. Com a mesma rapidez com que começam a ensaiar um novo ato juntos, eles começam um relacionamento.
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Em meio a tudo isso, Simon descobre que sua mãe, uma famosa cantora de ópera que ele não vê há 15 anos, voltou a Montreal por um tempo limitado. As emoções que ele está experimentando, combinadas com o retorno repentino de sua mãe (Anne-Marie Cadieux), uma cantora de ópera popular, pode, no entanto, ser difícil de gerenciar.
Olivier, que aos poucos deixa sua natureza ser conhecida, é sedutor e charmoso e não deve nada a ninguém. Não há nenhum momento de máscara. Ele é o que é. A diretora Sophie Dupuis permite que o espectador mergulhe no livro aberto, que é o personagem que ela escreveu.
Onde o filme se destaca é na maneira como ela filma à noite, revelando seus seres. Ela sabe como capturar esse momento de efervescência em que os corpos se transformam e ganham vida. Ajudada pela excelente cinematografia de Mathieu Laverdière, Sophie Dupuis implanta sua encenação com energia e vigor. A direção de arte de Elisabeth Duchaine-Baillargeon e os efeitos especiais de Yacine Gueddari, tonificam bem a cor e o dinamismo da imagem brilhante do mundo drag.
“Solo” tem todos os olhos voltados para sua cativante dupla principal. Romance e família estão entrelaçados por uma paixão ardente demais, e sob a direção e roteiro, de Dupuis, ambos têm espaço suficiente para não se intrometer no que o outro está tentando dizer.
Simon e Olivier, depois de se conhecerem no agitado mundo da noite, decidem se juntar como um casal artístico criando seus próprios números. Após o impacto inicial, aos poucos vão consolidando a carreira, tanto emocionalmente quanto em suas atuações.
O detalhe nos números musicais impressiona: perucas, maquiagens, figurinos, fotografia e música se combinam para mostrar o empoderamento drag.
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib