Fabrizio Guaitacá derruba a masculinidade tóxica ao se revelar um Mister Piroca em busca do amor

Pode parecer irônico que o detentor de um título tão autoexplicativo como Mister Piroca’s Bar 2022 seja tímido, busque o amor, goste de relacionamentos que duram e tenha uma produção de design conectada com o momento atual do mundo. Pode, mas não deve ser, é puro preconceito. Fabrizio Guaitacá quer ser tudo aos 33 anos, venceu o concurso promovido na semana passada pela Chilli Pepper, em São Paulo, ao mesmo tempo em que acelera sua carreira como designer de semi-jóias.

Leia também:

Calêendula mistura referências poderosas consigo mesma e não para de produzir novidades

“Tatuagem – o musical” chama participações e levanta discussões em ano de eleição

É uma explosão de talento e versatilidade o abalo que traz Mercedez Vulcão

Basta olhar além de qualquer volume para se deparar com um moço nascido em Sorocaba (SP) que tem neste momento como principal objetivo decolar com sua marca, a Guaitaca Jewellery, e ajudar sua família. Voltou para o Brasil depois de 13 anos morando fora. Desembarcou há menos de um ano vindo de Dubai, nos Emirados Árabes, para acompanhar mais de perto o crescimento da sobrinha e o alvorecer da irmã mais nova.

“Meu sonho era fazer uma viagem internacional”, conta à Ezatamag sobre o início modesto de uma jornada por 106 países, experiências únicas, libertação de doutrina religiosa sufocante, trabalho como comissário de bordo em empresa bacana e o aprendizado de idiomas – o que se tornou uma das atuais fontes de renda dele, também professor de Inglês, Italiano e Espanhol.

“Naquela época não me deixavam fazer porque diziam que não era coisa de menino”

Canceriano genuíno, faz três anos que está solteiro depois de muitos anos sempre namorando. Está em busca do amor. Enquanto isso, se dedica a um trabalho artesanal de semi-jóias inspiradas no mar que abrange ainda cuidados com o meio-ambiente. Atua com ONGs de Paraty (RJ), também sua casa, para reflorestamento, limpeza e conservação das praias.

Neto de indígenas, está desenvolvendo a memória de infância que guardou a imagem de sua avó também produzindo acessórios como ele faz agora. “Mas naquela época não me deixavam fazer porque diziam que não era coisa de menino”, relembra, opinando que acredita vivermos em um mundo mais tolerante hoje em dia.

O amor é grátis e não algo que precisa ser conquistado ou merecido.

Está também escrevendo um livro para registrar essa particular volta ao mundo. “O projeto ainda está pela metade, espero poder lançar até o ano que vem, então isso seria no momento o que eu quero muito terminar, pois sempre também sonhei em ser um autor”, revela.

Ele adianta também que será “um memoir, abrange uma parte da minha vida que contribuiu muito para eu estar mentalmente onde estou, de como consegui deixar pra trás a doutrina e a repressão religiosa e aceitar que o amor é grátis e não algo que precisa ser conquistado ou merecido”.

O livro promete também trazer discussões sobre relacionamentos abusivos e dificuldades que estrangeiros passam fora do Brasil “e que muita gente não sabe”.