ESPECIAL ELEIÇÕES: Ceará tem em Sued Carvalho a oportunidade de sair do topo da lista de assassinatos de mulheres trans

É para reverter a triste realidade de assassinatos de mulheres trans no Estado do Ceará, e muito mais, que a professora e historiadora Sued Carvalho (Unidade Popular) é candidata à deputada federal com o número 8080. Ela quer uma cadeira no Legislativo nacional para continuar lutando fortemente pelos trabalhadores e pelas trabalhadoras – além de contribuir para derrubar o Ceará do topo de mortes de mulheres trans como ela.

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Sued diz que quer fazer de seu mandato uma ferramenta para as lutas sociais, mantendo contato constante com coletivos, ocupações, assentamentos rurais, sindicatos e demais entidades. Ela quer reverter reformas nefastas, suspender emendas sufocantes e contribuir para um Brasil 2023 com menos ódio, mais empregos e nenhuma fome.

As pessoas LGBT trabalhadoras foram, por tempo demais, impedidas de ter tudo.

“Sou uma militante de esquerda, estou nas ruas todos os dias nos protestos, nas greves, nas agitações e nas panfletagens construindo, com meus companheiros e companheiras, esse novo Brasil. Um dia, mesmo que demore, iremos conseguir”, conta à Ezatamag na entrevista a seguir:

Por que as pessoas devem votar em você?

Sou do Estado do Ceará, o que mais mata mulheres trans no Brasil, portanto é vital que nós, mulheres trans, ocupemos esses espaços para lutar por nossas vidas e direito a existir, mas não apenas, eu sou também uma socialista, uma militante de esquerda que acredita na independência de classe. Na minha concepção, só a classe trabalhadora é capaz de cuidar de seus próprios assuntos. Acho que, ao votar em mim, as pessoas estarão votando não apenas em uma mulher trans, mas em uma trabalhadora que defende um projeto de reforma social radical a favor dos trabalhadores e trabalhadoras, pela construção de uma nova perspectiva de país, onde aqueles que produzem toda a riqueza usufruam dela.

“Chega. É hora de nós, pessoas LGBT, tomarmos nossos destinos em nossas mãos.”

O que você pretende fazer quando se eleger? Quais suas três principais propostas?

Temos propostas para todas as áreas, da Saúde à Cultura, no entanto, nosso enfoque principal é a participação popular, defesa da educação pública e dos direitos das pessoas LGBT. Se eleita pretendo tornar meu mandato uma ferramenta para as lutas sociais, mantendo contato constante com coletivos, ocupações, assentamentos rurais, etc. Assim como pretendo trabalhar com o controle social das emendas parlamentares, organizando assembleias populares nas diferentes regiões do Ceará para decidir, junto com a população, a destinação dessas verbas. O dinheiro é do povo, o povo conhece, melhor do que ninguém, os problemas de nossas cidades, portanto o povo decide quais problemas são mais emergenciais. Meu mandato terá como horizonte também a revogação da Emenda Constitucional 95, que congela por vinte anos os investimentos públicos do Governo Federal, o que impede, na prática, que sejam pensados programas de saúde especializada para pessoas LGBT. Vou lutar para garantir que pessoas trans tenham, de forma gratuita e acessível, o processo de transição pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e, para isso, precisamos derrotar essa Emenda Constitucional que é contra os trabalhadores em geral e é especialmente cruel com os grupos mais marginalizados. Na educação queremos revogar a Reforma do Ensino Médio e a Nova BNCC e montar novas propostas de reformas, com ampla participação dos sindicatos, organizações representativas estudantis e associações de área. Consideramos que testemunhamos um sequestro da educação pública por interesses corporativos, não podemos aceitar.

Temos propostas para todas as áreas, da Saúde à Cultura, no entanto, nosso enfoque principal é a participação popular, defesa da educação pública e dos direitos das pessoas LGBT.

Qual a importância de votar em e eleger pessoas LGBT por todo o Brasil?

As pessoas LGBT trabalhadoras foram, por tempo demais, impedidas de ter tudo: proibidas de ter famílias ao ser expulsas de casa e impedidas de ter suas uniões reconhecidas, enfrentaram ainda mais dificuldade para encontrar emprego, são agredidas, mortas, ridicularizadas. Chega. É hora de nós, pessoas LGBT, tomarmos nossos destinos em nossas mãos e mudarmos isso, portanto ocupar os espaços de decisão é essencial. Faço, contudo, uma ressalva, não basta ser LGBT, é preciso ter consciência de classe. É preciso defender a classe trabalhadora, é preciso ter clareza de que as medidas que atacam os trabalhadores em geral afetam, especialmente, as pessoas LGBT trabalhadoras que são, dentro dessa classe, marginalizadas. Defender os trabalhadores é defender as pessoas LGBT.

“Não basta ser LGBT, é preciso ter consciência de classe.”

Como você espera que seja o Brasil em 2023?

Eu espero que Bolsonaro esteja preso, basicamente. É um criminoso, um miliciano e um fascista que muito mal fez ao nosso País. Não tenho ilusão quanto ao próximo ano, as medidas econômicas irão permanecer, as reformas nefastas irão continuar dificultando nossa vida se não forem revogadas. Obviamente que Bolsonaro é nosso pior inimigo, mas não devemos ser otimistas demais. 2023 será um ano de muita luta. O mínimo no qual me permito ser otimista, no entanto, é com uma provável punição do genocida que ocupa a cadeira presidencial atualmente.

Eu espero que Bolsonaro esteja preso, basicamente. É um criminoso, um miliciano e um fascista que muito mal fez ao nosso País.

Qual seu maior sonho?

Meu maior sonho é que o Brasil seja verdadeiramente democrático. Não podemos falar em democracia plena quando temos 60 mil homicídios por ano, sendo 80% dessas vítimas jovens negros das periferias, tampouco podemos falar de democracia com milhões de pessoas com tão pouco que só têm a própria força de trabalho a vender e umas centenas com tanto que podem comprar a tudo e todos, isso não é democracia. Sonho com um Brasil em que os trabalhadores, em sua diversidade, que geram toda a riqueza através de seu esforço, sejam beneficiados por essa riqueza. Sonho com um Brasil onde nenhuma mãe se desespere com a fome de seus filhos, em que nenhuma mulher trans seja brutalmente assassinada, em que os jovens jamais tenham o desemprego como perspectiva e que todos e todas tenham acesso pleno ao básico: comida, lazer, saúde, educação e emprego. Sonho de olhos abertos e com os pés no chão, pois luto por esse Brasil, não apenas na época da eleição, sou uma militante de esquerda, estou nas ruas todos os dias nos protestos, nas greves, nas agitações e nas panfletagens construindo, com meus companheiros e companheiras, esse novo Brasil. Um dia, mesmo que demore, iremos conseguir.

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