“Divinas Divas” chega à Netflix ampliando o acesso a um documentário essencial e a gente lista outras quatro produções maravilhosas

Chega à Netflix no dia 9 de maio, segunda-feira, o documentário mais do que essencial “Divinas Divas”, ampliando o acesso a um material tão rico, poderoso e peça-chave para se compreender a comunidade LGBT+. A direção é da atriz Leandra Leal, que cresceu rodeada de artistas travestis e também conta um pouco dessa experiência.

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“Divinas Divas” retrata a primeira geração de artistas travestis do Brasil. Rogéria, Valéria, Jane di Castro, Camille K., Fujica de Holliday, Eloína, Marquesa e Brigitte de Búzios formaram o grupo que testemunhou o auge da Cinelândia, repleta de cinemas e teatros.

“Divinas Divas” retrata a primeira geração de artistas travestis do Brasil

Elas se reúnem para um show memorável e os bastidores dessa produção guiam o doc, que conta com entrevistas das artistas e de amigues e personalidades que testemunharam esta época. Um tempo onde era proibido “se vestir de mulher”, não se encontrava tratamento hormonal tão fácil e manter-se viva, por si só, já era um desafio.

A gente aproveita esta chegada para indicar outros quatro títulos que valem muito a pena:

“Luana Muniz – Filha da Lua”:

A produção tem direção de Leonardo Menezes e Rian Córdova e é um recorte da grande personalidade de Luana, “mãe” de tantas meninas da Lapa e de todo o Rio de Janeiro, amiga, conselheira, protetora. Mostra a rotina dividida entre a prostituição, a militância LGBT e shows em cabarés.

Revela intimidades de Luana para dizer o que todes deveriam saber: travestis são pessoas como quaisquer outras, e ponto final. Ajudam a fazer este retrato depoimentos de Alcione, Luis Lobiano, Padre Fabio de Melo, Felipe Suhre e Lorna Washington.

“Indianara”:

O documentário de Marcelo Barbosa e Aude Chevalier-Beaumel fala de um período obscuro na política do Brasil, entre o governo de Michel Temer e a chegada de Jair Bolsonaro ao poder, por meio do retrato da ativista trans Indianara Siqueira.

Ela é a fundadora da Casa Nem, um centro de acolhimento para travestis, que ela define como uma espécie de “quilombo urbano”, onde cada hóspede contribui para o sustento da comunidade. O quilombo é uma forma de convivência que remonta à época em que escravos fugidos tentavam se esconder, formando pequenas comunidades no campo. Da mesma forma funciona a Casa Nem, protegendo pessoas marginalizadas das inúmeras agressões sofridas.

“Meu Amigo Claudia”:

Retrata a trajetória de Cláudia Wonder (1955-2010), uma das artistas mais importantes da cena “underground” brasileira durante as décadas de 80 e 90. Conhecida por suas performances e apresentações musicais na noite de São Paulo, Wonder também ganharia notoriedade por sua militância em prol do livre exercício da diversidade sexual.

Além de seus disputados shows, ela atuou em filmes da Boca do Lixo de São Paulo e também participou de espetáculos dirigidos por Zé Celso Martinez Corrêa no Teatro Oficina. A direção é de Dácio Pinheiro, com fotografia de Pierre De Kerchove.

 “Veneno”:

Um retrato apaixonante e lúdico da história da Espanha, desde seu conservadorismo até a sua efervescente cultura POP, abordando sobretudo os bastidores da TV e da prostituição. Logo no primeiro programa temos Lola Dueñas, de “Volver” e “Os Amantes Passageiros”, e Ester Exposito, de “Elite” e “Alguém” tem que morrer, como duas produtoras de um programa dos anos 1990: “Mississipi”.

A série conta a história do ponto de vista da ativista trans Valéria Vega, autora do livro, “¡Digo! Ni puta, ni santa: Las memorias de La Veneno”, e uma das personagens mais importantes, interpretada brilhantemente por Lola Rodriguez. Através desses relatos, a estética é construída, absolutamente poética e crua, ao fotografar o submundo ao qual transexuais estão fadadas em sua maioria. Cada episódio se encontra definitivamente encerrado e independente.