“Brilho para a Eternidade” faz retrato de Pattrick Pitsenbarger, o aposentado cabeleireiro das estrelas da vida real

Por Eduardo de Assumpção*

“Brilho para a Eternidade” (Swan Song, EUA, 2021), do diretor e roteirista Todd Stephens, acompanha o aposentado cabeleireiro das estrelas da vida real, de Sandusky, Ohio, Pattrick Pitsenbarger, vivido pela lenda do cinema Udo Kier. Tudo começa, quando o Pat, retirado em um asilo, é chamado para fazer o penteado de uma antiga cliente, uma mulher republicana que deve parecer deslumbrante em seu funeral.

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No início ele declina, mas logo descobre que aquela pode ser sua última jornada. Udo Kier permite que o personagem cresça sem sacrificar sua humanidade e a melancolia que espreita logo abaixo de sua gloriosa fachada. O Sr. Pat é vistoso, destemido e fabuloso o suficiente para fazer uma camiseta surrada e uma pochete funcionarem como uma declaração de moda.

Mas Pat também é uma relíquia, algo que ele sabe muito bem, e Kier mantém esse conhecimento em um ciclo infinito em execução no fundo de sua performance. O filme chama a atenção para o fim de uma era ao abrir com o retorno triunfante de Pat se apresentando em um bar gay, apenas para de repente ele acordar velho e frágil em uma casa de repouso.

Uma porta é aberta na rotina do idoso pelo Sr. Shanrock (Tom Bloom), o advogado de Rita Parker Sloan (Linda Evans), a mulher mais rica de Sandusky. Antes que eles tivessem um grande desentendimento, ela era a cliente mais preciosa do Sr. Pat e sua confidente mais próxima. Então, ele acha estranho quando o Sr. Shanrock o informa que Sloan deixou uma cláusula em seu testamento para que seu cabelo e maquiagem fossem feitos postumamente por seu ex-cabeleireiro.

O pedido vem com US$ 25.000, que serão pagos meses após os serviços. Como ele não tem produtos e o Sr. Shanrock se recusa a lhe dar um centavo para comprar, o Sr. Pat precisa empregar meios inteligentes para conseguir o que precisa. Uma marca que ele continua procurando, que grita como simbolismo por ter passado da idade, é o Vivanté.

“Brilho para a Eternidade” também é uma carta de amor para a cidade de Sandusky e seus moradores, muitos dos quais representam as mudanças de atitude provocadas pelo passar do tempo. Disponível na @hbomaxbr.

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram: @cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib