Bruna: nos nega um lugar, um nome, uma família

Dia da Mulher destaca a subalternidade de gênero e enfatiza a discussão entre feminismo e trans e travestis

O 8 de Março é um marco histórico de luta de TODAS as mulheres. Cis, trans, travestis, não-binárias, todas são mulheres porque se sentem mulheres. O mundo que continua sendo machista e misógino precisa de dias como este para lembrar, e não esquecer mais, que a igualdade e a equidade de gênero são urgentes para a evolução humana.⁣

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Hoje é dia de reforçar a luta para fazer do mundo um lugar mais justo. Para que o lugar da mulher realmente seja onde ela quiser! Mas ainda persiste certa resistência de partes do feminino com relação a mulheres trans e travestis. Bruna Benevides, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) aponta que “a subalternidade de gênero que alcança as mulheres cis é a mesma que nos mata. Que nos silencia e nega a nossa identidade. Que nos proíbe de usar banheiros”.

Ela diz ainda que essa subalternidade “permite sermos espancadas à luz do dia ou esquecidas por anos no cárcere. Nos nega o direito ao afeto. Nos nega um lugar, um nome, uma família. Que nos fetichiza, explora e abusa de nossos corpos. Travestis e mulheres Trans sempre estiveram em lugar de subalternidade. E sair dele tem sido uma tarefa bem difícil”.

A subalternidade de gênero que alcança as mulheres cis é a mesma que nos mata.

A entidade acredita que a identidade de gênero feminina das travestis e mulheres trans não deveria ser assunto de discussão, especialmente no feminismo. “Pois ele também é o nosso lugar. Deveríamos discutir formas de enfrentar juntas a violência de gênero, o cissexismo, a transfobia, a misóginia, o racismo e os desafios de ser mulher em uma sociedade machista, racista, colonial, neoliberal e patriarcal”.

Finalmente

Depois de vetar, em outubro, a gratuidade de absorventes para mulheres de baixa renda, o (des)presidente brasileiro oficializou o benefício neste 8 de março. Ele assinou decreto para proteção da saúde menstrual e distribuição gratuita de absorventes e outros itens de higiene. A assinatura ocorreu durante evento em comemoração ao Dia da Mulher, no Palácio do Planalto.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que o projeto prevê R$ 130 milhões, dinheiro do orçamento da própria pasta. De acordo com o secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Raphael Câmara, o decreto prevê atender 3,6 milhões de mulheres.

A Câmara informou que o dinheiro previsto no programa será repassado para municípios, responsáveis por executar as ações.