“Estados Unidos vs Billie Holiday” lembra a importância da cantora para a luta pelos direitos humanos
Por Eduardo de Assumpção*
“Estados Unidos vs Billie Holiday” (The United States vs Billie Holiday, EUA, 2021) Na década de 1940, Billie Holiday(Andra Day) era uma cantora afro-americana com influências de jazz já bem estabelecidas no cenário musical. O público, branco e negro, ia assisti-la todas as noites enquanto ela se apresentava em muitos cabarés em todo o país.
Leia também:
“Eu, Olga Hepnarová” conta a história da última mulher tchecoslovaca a ser executada
“Are You Proud?” faz tentativa ambiciosa de conectar os pontos, diferenças e intersecções queer
“Monica” é uma exploração lírica e comovente do amor, compaixão, perdão, reconciliação e cura da dor
Quando solicitada a cantar seu hit mais polêmico ‘Strange Fruit’, que compara o linchamento de pessoas negras penduradas em árvores a frutas que são balançadas pelo vento, o FBI decide atacar a artista, prendendo-a por uso de narcóticos, temendo acima de tudo que a música desencadeie uma guerra civil.
A trama se concentra nos anos entre 1947 e 1957, quando Billie Holiday já estava sob observação da Administração Federal de Narcóticos. O livro, de Johann Chari, que serviu de base para o roteiro de Suzan-Lori Park, se concentra mais no confronto entre o chefe da comissão de drogas e a cantora, que seu desenvolvimento artístico.
Harry Anslinger(Garrett Hedlund), chefe e agente no serviço, que mais tarde se tornou parte da DEA, queria fazer um exemplo da cantora de sucesso. Seus 120 cigarros e doses diárias de heroína eram bem conhecidos, mas Anslinger e seu grupo nunca conseguiram flagrar Holiday em posse de droga.
Em sua produção, Lee Daniels, usa a canção ‘Strange Fruit’ corre como um fio vermelho que percorre a trama, também porque a canção foi um símbolo marcante na vida de Billie Holiday e de todo o movimento negro nos Estados Unidos. Embora bastante específico e deixando questões importantes de lado, este filme é um exemplo de pura bravura, com uma atriz iniciante escalada para retratar uma alma torturada e complexa.
Felizmente para ambos, o risco valeu a pena, já que Day é de tirar o fôlego como Holiday. De muitas maneiras, é sua performance impressionante que o levará a essa história fascinante, com não apenas Day capturando o tormento físico e mental que Holiday sofreu, mas também entregando cenas arrepiantes de seu canto no palco.
É lógico que sua bissexualidade é abordada, e a personagem de Natasha Lyonne está lá para não deixar dúvidas. Para aluguel no @googleplay
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib