Halina Reijn captura as ansiedades modernas da cultura obcecada por mídia social em “Bodies. Bodies. Bodies.”
Por Eduardo de Assumpção*
“Morte. Morte. Morte”(Bodies, Bodies, Bodies, EUA, 2022) Há muita diversão ácida no slasher do momento, da @a24 , ‘Morte. Morte. Morte.’ A estreia em inglês da diretora holandesa, Halina Reijn, faz a difícil questão de saber se há algo realmente novo a fazer com o subgênero, e a resposta chega no final. Abrindo com um beijo apaixonado entre Bee (Maria Bakalova) e Sophie (Amandla Stenberg), o filme é refrescantemente aberto sobre seu estado de adolescentes mimados.
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E ricos, por sinal. As duas estão indo para uma festa de fim de semana na luxuosa casa de David (Pete Davidson), o melhor amigo de Sophie. Também estão a namorada rainha da beleza, de David, Emma (Chase Sui Wonders), a competitiva e um tanto deslocada Jordan (Myha’la Herrold), a falante podcaster Alice( Rachel Sennott) e, estranhamente, seu “namorado” de 40 anos Greg (Lee Pace).
Mas à medida que a tempestade se instala, a devassidão toma conta, e o grupo bebe, e se droga para chegar a uma trégua desconfortável. Como a única sóbria, depois de sair recentemente da reabilitação, uma Sophie faminta por diversão decide que é hora de um jogo: ‘Morte. Morte. Morte’. As regras são simples: todos recebem um pedaço de papel, um é marcado com X, o que significa que ele é o assassino, e então as luzes se apagam.
Não demora muito para que os corpos comecem a se acumular de verdade, mas o que revigora é uma compreensão extraordinariamente firme dos personagens. Há um peso relativo aqui com um conjunto de jovens, de vinte e poucos anos, claramente desenhados, embora insípidos ou profundamente empáticos.
Capturar as ansiedades modernas da cultura obcecada por mídia social de hoje parece fácil mais notavelmente para Rachel Sennott, que continua a mostrar porque seu papel de destaque em ‘Shiva Baby(2020)’ não foi por acaso. É um terror da Geração Z, sempre preocupado com o sinal do celular ou no mínimo com os aparelhos ligados para fornecer alguma luz.
O roteiro, de Sarah DeLappe, compensa com uma sagacidade venenosa que soa natural vinda desses personagens. Com um elenco de tantas estrelas em ascensão, o filme possui várias performances fortes e se propõe também a fazer uma crítica à toxicidade das amizades.
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib