Série “Tenho Que Morrer Todas as Noites” traz jovem inteligente e ambicioso que quer conquistar o mundo

Por Eduardo de Assumpção*

“Tenho que Morrer Todas as Noites” (Tengo que Morir Todas las Noches, México, 2024) A adaptação do livro “Tengo que morir todas las noches: Una crónica de los ochenta, el underground y la cultura gay:, em que o jornalista mexicano Guillermo Osorno escreveu um ensaio sobre o movimento contracultural na Cidade do México nos anos oitenta. através de personagens reais que eram comuns em lugares como El Nueve, um emblemático bar gay na Zona Rosa, chega ao Brasil como uma atração episódica.

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A série é criada e dirigida por Ernesto Contreras, de “Sonho em Outro Idioma, e conta a história de Guillermo (José Antonio Toledano), um jovem estudante que se muda para a Cidade do México para estudar jornalismo na Universidade, descobrindo a vida noturna ao redor dos bares da Zona Rosa, e vivendo seus primeiros relacionamentos no início da epidemia de AIDS.

Entre os protagonistas da série está o ator espanhol Brays Efe, de “Paquita Salas” e “Maricón Perdido”, que interpreta um dos donos do El Nueve, junto com o amante Carlo(Humberto Busto). A boate é o palco onde boa parte da cena glam da época se encontra.

Mas a atração pretende ser não apenas um reflexo da comunidade LGBTQ+ no México, mas sobretudo uma descrição da música alternativa e dos ambientes que enfrentam discriminação por parte das autoridades, com uma trilha sonora repleta de canções icônicas da época, tanto em inglês quanto em espanhol. Para Guillermo, que é irmão de um policial, aceitar sua identidade sexual se torna uma espécie de libertação de segredos e mentiras. Ele inicia um relacionamento com o Dj Blas(David Montalvo).

A série nos mostra um cenário poucas vezes retratado e narra um período da história, que parece que o México prefere esquecer. A perseguição aos homossexuais pela polícia. A crise sanitária causada pela AIDS que o governo preferiu ignorar, enquanto pessoas LGBTQIA+ revidaram com seu ativismo.

Silvia Navarro, que é uma deusa das novelas mexicanas, traz uma grande e acolhedora performance como a lésbica Gloria.

Disponível na Prime.

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram: @cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib