Minissérie “Halston” faz retrato realista de um dos maiores nomes da Moda para dizer que nada é tão perfeito assim  

Pode ir correndo para a Netflix porque vale muito a pena assistir “Halston”, minissérie com cinco episódios sobre um dos principais nomes da moda do século 20, mas um gay tão humano quanto qualquer outro. Luxo, poder, glamour, elegância, dinheiro, poder, influência, sexo e drogas se misturam a amor, carência, insegurança, saudades, medos e àquele sentimento de não ser bom o bastante. 

Ewan McGregor dá vida ao designer que começou sua carreira na luxuosa Bergdorf Goodman, na 5a Avenida, em Nova York, e vê seu nome ser alçado ao Olimpo após a primeira-dama dos Estados Unidos, Jack Kennedy, usar um de seus chapéus. Mas isso não é o bastante para se manter na crista da onda e Roy Halston precisa ir além da cabeça das mulheres. 

Halston: confiança nos e dos amigos

É ezatamentchy aí que começa um retrato humano de um nome muitas vezes conhecido em etiquetas caras, looks vintage de babar e na lista de designers importantes do século 20. Porque superar-se é um desafio para todes, sendo você um famoso profissional aproveitando a fama ou alguém ainda em início de carreira. 

Surge a insegurança de não ser bom quanto se imagina, misturada à uma máscara superficial de autoconfiança pincelada com agressividade. Ir além dos chapéus famosos exige que Halston questione a si mesmo quem ele é no mundo fashion. Como ser criativo e ao mesmo tempo ampliar as vendas, massificar a marca? 

O esteio vem de uma figura muito comum no mundo gay, a melhor amiga fervida, liberta. No caso é “A” melhor amiga, porque estamos falando de ninguém menos do que Liza Minnelli (Krysta Rodriguez). Estrela desde que nasceu por ser filha de Judy Garland (lembra? Stonewall foi depois do enterro dela), também se cobra, também precisa mostrar que sabe fazer. 

É com um se apoiando no outro que Halston começa a encontrar um caminho para sua criação e mostra que por mais famoso, luxuoso e na moda que alguém possa ser, continua sendo humano. E humanos amam, óbvio. 


Halston
 não tem problemas com sua sexualidade e chega junto na hora de paquerar. Ao abordar em um bar seu futuro namorado e gerente 
Ed Austin (Sullivan Jones), é questionado se a paquera é porque Ed é negro e bem dotado (inserção sutil da solidão do homem negro). Halston diz que não, apenas porque ele, branco e famoso, também se sente excluído. 

Liza, também insegura, é o esteio para Halston

Dá para dizer, sem dar spoiler, que é uma produção tecnicamente muito cuidadosa, bem feita, quase idêntica ao real e que não se furta de pesar a mão nas cenas e nos diálogos quando é preciso. Diferente do suspense bobo de “Versace”, também de Ryan Murphy, pega o espectador por aproximar dele um mundo dourado e visto como perfeito para mostrar que nada é assim tão perfeito. 

Mais que isso. Mostra que é natural se você está inseguro. Mas lembra que cercado de amigos você está sempre na moda.