“Boy George – A Vida é Meu Palco” chega com energia nervosa para contar a história do ícone da música mundial
Por Eduardo de Assumpção*
“Boy George – A Vida é Meu Palco” (Worried About the Boy, Reino Unido, 2010) O drama, de Tony Basgallop e Julian Jarrold, sobre Boy George é um retrato simpático, sobre suas virtudes, mas também a carência e o auto-engano do vício. Para uma biografia, feita para a TV, o canal britânico BBC, o filme possui uma energia nervosa, como se tivesse tomado alguns comprimidos ilícitos antes de sair para a boate.
Leia também:
“Mulheres a Beira de um Ataque de Nervos” é imperdível, fantástico, primoroso, maravilhoso…
retrospeQUEERtiva – DIA 5 – TOP 10 FILMES LGBT+
Os criadores desse conto intrigante se concentraram em dois períodos da vida do cantor: os anos anteriores ao Culture Club, em que ele se vestia e superava todos os que chegavam no clube Blitz, de Londres, e seu “inferno das drogas”, de 1986, cercado por paparazzi em sua riqueza miserável. Não é estranho que um filme biográfico de Boy George tenha uma matéria-prima fantástica para trabalhar.
E a direção de Julian Jarrold refletiu nitidamente a importância do estilo para os personagens principais, usando intertítulos que refletiam a técnica gráfica de fanzines e revistas como i-D e The Face, que deram ao Culture Club o primeiro gostinho da fama. Este é um dos tantos elementos oitentistas do filme, reforçado pela diversão que o roteiro teve com a sagacidade do personagem principal.
Há uma adorável sequência em que David Bowie apareceu no Blitz, descendo do panteão do glamour para recrutar dançarinos para um vídeo pop. A alma do longa, porém, é uma história de coração partido. “Você não tem ideia de quantas pessoas te amam”, disse o pai de George, enquanto eles se agachavam em seu apartamento, cercados por paparazzi.
A agonia de George, porém, era que ele estava menos interessado em muitas pessoas amando-o do que em uma – suas esperanças de felicidade romântica duradoura minadas por sua tendência de se apaixonar por heterossexuais. Douglas Booth, andrógino e lindo como o jovem Boy George, capturou tanto seus pontos fortes quanto suas fraquezas.
Montação, sombra roxa e spray de cabelo o deixaram comovente, espirituoso, sabendo se apropriar da persona e não do personagem.