Marcelo Caiazzo faz roteiro personalíssimo com direito a viajar junto com você para dar dicas

Talvez Marcelo Caiazzo nem soubesse que seu sonho era levar as pessoas para viajar quando, ainda criança, queria ser piloto de avião. Pelo menos não levar para viajar do jeito que ele está fazendo agora, com uma agência de viagens novinha em folha, a Viaje Junto, com o diferencial de não oferecer apenas pacotes, mas também um amigo animado que sabe todas as dicas – para os mais variados perfis.

Um aquariano de 42 anos que mora no Rio de Janeiro atualmente depois de passar por Brasília e chegar a fazer curso de comissário de bordo, mas ainda não era o destino final. A viagem de Marcelo continuou traçando sua rota dentro da cabeça dele, que depois de conhecer mais de 40 países e trabalhar com eventos decidiu que era a hora de usar sua experiência para garantir momentos inesquecíveis às pessoas – com atenção especial aos LGBT.

Ao contrário daqueles guias chatos e sem paciência, Marcelo monta o plano de voo, mas deixa livre quem quiser fazer outra programação longe do grupo. “Mas é uma agência que também as pessoas podem chegar e me pedir uma cotação para qualquer lugar com outras pessoas, sem eu precisar ir junto”, conta. Mas qual a graça?

A boa notícia é que ele é o mais novo colunista da Ezatamag, justamente para falar sobre como viajar bem, os melhores destinos e as dicas essenciais. Saiba tudo:

Há quanto tempo você trabalha com viagens? Quais motivos te levaram a optar pelo turismo?

Eu já viajei muito e sempre tive um tesão enorme por viagens. Meu lance quando era pequeno era falar que ia ser piloto de avião! Fiz até o curso, mas não dei continuidade após o término porque quando o fiz, na prática não era como eu imaginava. Hoje em dia o avião faz tudo sozinho…o computador né? Decola e pousa sozinho…aí eu fiquei me imaginando naquela cabine, ao lado de outro piloto que nem sabia se ia ser chato ou legal comigo rsss…pensei, pensei e decidi não seguir. Queria algo mais emocionante! A vida seguiu e tive empresa, trabalhei com eventos (viajei o Brasil todo com eventos!) e em 2017 a paixão por voar bateu novamente…resolvi fazer o curso de comissário! Só que em 2017 eu já havia viajado muito, com família, ex-namorado, quase 40 países. O lance para mim não é só viajar, eu tenho na verdade paixão por avião! Aí eu queria juntar o útil ao agradável, mais ou menos por aí. Só que nessa época eu morava em Brasília e terminado o curso, passei na seleção da Latam, mas tive que voltar para o Rio. Em agosto deste ano fui para Villa la Angostura, na Patagônia, Argentina, um lugar maravilhoso que fica a 50 km de Bariloche. Bom para quem quer realmente esquiar e fugir da confusão de Bariloche! Voltei extasiado! Decidi abrir minha agência e abri! Agora vivo disso e para isso! Um sonho que se realizou com muita dedicação e trabalho. Como eu tenho uma bagagem muito grande de países visitados e cidades, resolvi usar isso a meu favor e das pessoas também! Então na minha agência de viagens eu ofereço pacotes com tudo incluído e eu vou junto, como um guia. Mas é uma agência que também as pessoas podem chegar e me pedir uma cotação para qualquer lugar com outras pessoas, sem eu precisar ir junto. O lance é viajar junto! Comigo ou um grupo, namorado, amigo, eu quero é isso, fazer as pessoas se conhecerem, se divertirem, gostarem uma das outras, fazer novas amizades, aproveitar a vida…e ter muita história para contar depois, é isso!

Queria algo mais emocionante, conta Marcelo

Você sempre focou seu trabalho nos LGBT? Qual a importância de nós termos alguém que nos entenda na hora de viajar?

Eu sempre quis ter um trabalho voltado para os LGBTs, é um mundo que eu entendo, vivo e conheço. Não foi fácil porque hoje em dia muitas pessoas fazem muitas coisas voltadas para esse público, mas mesmo assim eu via uma carência enorme por aí. E comecei a ver que esse lance de viagens tinha uma coluna (ou várias) faltando. Porque via os blogueiros que são parceiros de alguma agência, fazem as viagens e mostram para os seguidores. Aí pensei: mas gente, não posso fazer isso também? Vou então fazer pacotes para lugares que o meu público possa curtir, conhecer, se jogar mesmo, aproveitar, só que eu vou junto! É isso! Vou fazer pacotes e vou fazer grupos para irem comigo, daí surgiu o nome da minha agência, Viaje Junto Turismo.

Você já visitou vários lugares diferentes com políticas diferentes em hotéis e etc, como identificar que o LGBT será realmente bem recebido?

Eu acho que, em relação aos hotéis, os funcionários estão sendo cada vez mais bem orientados em como nos tratar. Tem exceções? Claro, como tudo na vida. O mais importante é sempre pesquisar sobre o país, a cidade visitada, as leis…e procurar um lugar legal que sejamos bem aceitos é super importante. Claro que de repente surge uma oportunidade de uma viagem para um lugar que não seja gay-friendly, e aí? Vai dar para trás? Não, se joga! Tome cuidado, respeite o país que você quer conhecer! E faça uma viagem incrível! Hoje em dia com a internet você consegue pesquisar sobre tudo na verdade. Muitos hotéis gay-friendly estão ai! Por exemplo em Berlim, na minha próxima viagem eu vou com um grupo e reservei um hotel MARAVILHOSO que é só para adultos (gay, claro), sensacional! Agora mesmo inaugurou um hotel gay-friendly em Jericoacoara!

Eu sempre quis ter um trabalho voltado para os LGBTs, é um mundo que eu entendo, vivo e conheço.

Quais os perfis mais comuns? Eu sei que tem os animados que fazem pacotes para festas, outros preferem algo mais cultural.

Olha…tem de tudo né?! Do mais certinho e “caretinha” até o mais puto que só quer viajar para fazer putaria e está muito bom dessa maneira, obrigado e de nada! Ele não quer saber de visitar pontos turísticos, museus, etc…quer ir pra noite, se jogar nas baladas e acordar tarde sem tomar o café-da-manhã do hotel, almoçar, dar uma volta pra ver se faz uma pegação e esperar a noite pra repetir tudo de novo! Acho que o mais comum é o que faço e tento fazer com quem viaja comigo, mesclar as duas coisas. De dia visitar a cidade, conhecer os pontos turísticos, alguns museus, praças…a cidade mesmo né…parque de diversão (que eu amo de paixão!) e tudo que a cidade possa nos oferecer. E à a noite ir para as mais badaladas casas noturnas, saunas, putaria mesmo né, porque é bom demais, não é verdade?!

O turismo pode ser uma ferramenta de construção de espaço LGBT? Como?

O turismo LGBT é um segmento destinado a atender os desejos e necessidades do público homoafetivo que, algumas vezes, necessita de atendimento especializado devido ao preconceito ainda existente na sociedade. Cada vez mais estão abrindo ou se transformando para atender esse público. Isso é ótimo, porque nos sentimos mais seguros e livres. O segmento voltado ao público LGBT consiste na especialização do setor, com a finalidade de proporcionar satisfação com os serviços prestados, saciar as necessidades, expectativas e desejos, evitando atos de preconceito e marginalização por conta da orientação sexual. Na medida em que a comunidade gay consolida-se em muitos países, abre espaços de aceitação e polos turísticos adaptados para servir a este grupo.  A tendência é que abandonem seu local de nascença para encontrar abrigo em terras mais hospitaleiras e ‘tolerantes’, onde possam exercer sua sexualidade sem preocupação e receios. Diante disso, espaços gay-friendly e as práticas do turismo gay, de certo modo, representam não apenas o aproveitamento de um mercado consumidor, mas também uma forma de resistência, sociabilidade entre pares e empoderamento social.

Capetown, um dos destinos imperdíveis

Quais destinos NÃO ir em hipótese alguma por causa da homofobia?

Olha, sinceramente? Eu não deixo de ir em nenhum lugar…é só pesquisar sobre o país, respeitar e tomar cuidado…não abraçar o namorado em público, não trocar carícias, beijos. Se você decidiu ir, tem que respeitar as regras do lugar. Então, vamos aos lugares para se tomar cuidado: o Zimbábue é a terra de safáris e das Cataratas (Victoria Falls, incrível! Tem o vídeo no meu site). Esse país da África não vê com bons olhos a homossexualidade, mas, eu fui com meu ex e não tivemos problemas. Mas também não ficamos de beijinhos e abraços. Acho que quando você vai para outro país, tem que ler sobre e respeitar. A nossa viagem foi incrível, eu conheci cenários incríveis como nunca visto antes por mim. Super valeu! Até a Rússia tem problemas com o LGBT, mas, se você decidiu ir, tem que respeitar o país. Na Lituânia, grupos LGBT e manifestações como paradas gays são proibidas nesse país do Leste Europeu. A Jamaica não é legal, tem que se tomar cuidado lá. Sexo entre homens é ilegal na terra de Bob Marley e até oficiais do governo são conhecidos por participarem de atos violentos contra gays. Uganda é extremamente homofóbico. Honduras tem aumentado muito o número de assassinatos gays. O Egito reprime, extensivamente, os homossexuais, inclusive com invasões a casas de banho e policiais que atraem homens gays pela internet e smartphones.

O mais importante é sempre pesquisar sobre o país, a cidade visitada, as leis…e procurar um lugar legal que sejamos bem aceitos é super importante.

E quais são os imperdíveis?

Itália, Cape Town, Portugal, Miami, Canadá, Tailândia, Holanda, Bélgica e Alemanha (que vamos fazer em janeiro de 2020!

www.viajejunto.com

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