@anderbritney superou desafios para se tornar coreógrafo e bailarino, sem nunca descer do salto

André Monteiro viu em Britney Spears a artista que fazia tudo o que ele queria fazer. Queria estar em cima do salto, dançando para espantar os males da vida como o preconceito. De quebra, aproveitando a arte dos movimentos para fazer seu próprio de sair do armário para a família toda – embora ele desconfie que não foi tão novidade assim.

É aos 31 anos que esse sagitariano que mora em Cuiabá (MT) dá aula de Jazz Funk e Stiletto Dance, é coreógrafo, bailarino, artista contra a caretice de quem ainda olha de jeito diferente homens que dançam – ainda mais se for em cima de um salto 15, com aberturas de pernas quase inacreditáveis.

Com um começo que incluiu desafios como falta de dinheiro para as passagens de ônibus para as aulas de jazz, ballet e contemporâneo, hoje André é @anderbritney no Instagram para mostrar que quem dança seus males espanta, conquista espaço e o apoio de quem está em volta e é muito mais feliz sem se importar com a opinião alheia.

André nunca desce do salto

Confira:

Britney é a Spears, certo? Por que a escolha pelo nome dela?

Sim, Britney Spears. Foi a primeira artista que eu vi dançando e fazendo tudo que eu queria fazer.

Você está estudando dança? Por que a escolha pelo stiletto?

Estudo sempre, pois o bailarino tem que se atualizar. Escolhi o stiletto porque sou apaixonado por salto alto. E expresso melhor minha essência em cima de um salto 15.

André nunca desce do salto

Como dançar faz você se sentir melhor? Teve alguma influência na sua aceitação?

Na dança posso colocar meus pensamentos e até mesmo minhas intimidades e o que sinto em relação a quem eu sou verdadeiramente. Teve influência sim, e muita. Para mim foi uma forma de mostra e dizer que eu sou gay para toda a minha família (apesar que eu desconfio que eles saibam há muito tempo). Todo tipo de arte te ajuda a expressar seu pensamento e seus sentimentos. Faz você sorrir, ter interação com as pessoas e sair de uma suposta depressão.

Todo tipo de arte te ajuda a expressar seu pensamento e seus sentimentos. Faz você sorrir, ter interação com as pessoas e sair de uma suposta depressão.

O que você pode dizer para quem está passando pelas mesmas coisas?

Nada de baixar a cabeça. Nada de dizer que você não é capaz. Nada de se diminuir o tempo todo. Principalmente se for bixa, preta, pobre, bailarino ou cantor (a) e ainda dançar em um salto alto. Você tem o potencial de ser o que você quiser ser.

Você quer transmitir algum tipo de mensagem quando você dança? Qual?

Sempre. Que cada um pode viver conforme aquilo que te faz feliz.

Ainda existe muito preconceito contra homens que dançam?

Sim, existe, sempre tem uns e outros que te olham com cara estranha, mas mostro minha dança e minha arte pra dizer a esses preconceituosos que vim pra brilhar.

André: nada de dizer que você não é capaz!

Como é essa situação em Cuiabá?

É difícil, tem pessoas que criticam seu trabalho sem saber o esforço que estamos passando para estar onde conseguimos chegar, achando que é só subir no salto alto e inventar uma dança. Mal sabem que estudamos todos os movimentos de uma jogada de mão como voguing. Mas graças a Deus tenho o apoio da minha família, dos meus amigos e alunos.

Sempre tem uns e outros que te olham com cara estranha, mas mostro minha dança e minha arte pra dizer a esses preconceituosos que vim pra brilhar.

Quem dança seus males espanta?

Sempre. Espanta a tristeza. Espanta a solidão. E além de espantar muito preconceituoso por aí.