Tunisiano refugiado no Brasil ganha direito ao nome social, ao SUS e à uma vida mais liberta
O tunisiano Jade Esseyah é todo felicidade no Brasil. Homem trans refugiado em São Paulo, ele conquistou o direito ao uso do nome social, foi atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e já tem feito vários contatos. Mas Jade também lembra: “ser refugiado não é fácil! Especialmente se você for africano e/ou árabe”.
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Leia o lindo relato dele:
“Então, decidi ficar no Brasil. E agora? Primeira coisa: eu nunca esperei que meu nome (Jade) e gênero (masculino) fossem reconhecidos em todas as instâncias desde o início!
Graças à longa e corajosa luta de tantas pessoas e organizações aqui, pude iniciar o protocolo de refugiado, obter todos os documentos básicos que qualquer pessoa (independentemente da nacionalidade) tem direito para acessar serviços públicos de saúde e sociais gratuitos, para abrir uma conta bancária e para obter uma autorização de trabalho. TODOS eles com meu nome e identidade atual!
Consegui continuar tomando testosterona, fui atendido no SUS com um médico que fala inglês e que foi muito gentil e explicou todos os processos cuidadosamente.
Fiz muitos contatos em São Paulo, e isso me fez sentir em casa porque não me tratam como um estranho. Mudei-me para um abrigo de refugiados com a ajuda do Centro POP e do Centro de Referência da Diversidade, porque tenho que economizar ao máximo até conseguir um emprego. As pessoas que trabalham e moram lá têm sido tão legais comigo!
Com o tempo, me senti confortável com as pessoas daqui. Comecei a aprender português, a ir à academia, a ter uma alimentação saudável, até parei de fumar, o que me fez sentir melhor e mais autoconfiante.
Algumas pessoas vão começar a pensar em vir para o Brasil e esperam que seja fácil. Não é, acredite. Há pessoas que vão te ajudar, mas você tem que fazer tudo sozinho. Você deve se virar e não esperar que os outros façam as coisas por você. Você tem que ser cuidadoso, responsável e humilde.
Ser refugiado não é fácil! Especialmente se você for africano e/ou árabe, como foi o caso do congolês Moise, brutalmente assassinado no Rio de Janeiro #JustiçaPorMoise .
Através da minha experiência, o que aprendi é ser gentil, paciente e trabalhar para construir um futuro brilhante.
Meu agradecimento especial do fundo do meu coração às pessoas e instituições que têm me ajudado de tantas maneiras: Maitê Schneider Transempregos Keyllen Yazmin Nieto , Marcelo Lobianco Arlane Gonçalves Caroline Rocabado e tantas outras pessoas maravilhosas!”
marceloDC
17/02/2022 01:17
Principalmente em discriminação por ser LGBT+, em particular transgêneros (e travestis). Mas ao menos com ele foi tudo certo, o que deveria ser padrão.