Diretora trans, filipina Isabel Sandoval roteiriza, dirige e protagoniza “Língua Franca”
Por Eduardo de Assumpção*
29 de Janeiro – DIA DA VISIBILIDADE TRANS. Língua Franca(EUA/Filipinas, 2019) Em tempos onde as mulheres ainda lutam por espaço na direção de produções, é uma vitória que uma diretora trans, tenha chegado ao celebrado Festival de Veneza, com seu longa da estreia. Se trata da filipina Isabel Sandoval, que roteiriza, dirige e protagoniza ‘Língua Franca’.
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O longa conta a história de Olivia, uma mulher trans que trabalha como cuidadora de idosa, e está ilegal nos EUA, esperando alguém para que possa ‘casar’ e conseguir o green card, em plena era Trump, onde as deportações estavam ocorrendo em massa. A melancolia que Sandoval transmite em sua atuação é imensa.
Olivia é uma personagem vulnerável, que vive com medo, enquanto precisa cuidar de seus afazeres, sem que a senhora para quem trabalha descubra nada. Isabel Sandoval se mostra competente na direção criando um filme bastante intimista que fala de solidão.
Quando se envolve com o empregado de um matadouro, a sorte parece mudar para Olivia, que, iludida com o amor, acredita que possa casar com ele e ter seu sonhado visto. Apesar de bonito e bucólico, o filme é desconfortante, principalmente nos momentos em que Olivia precisa mostrar seus documentos, ou quando ouve a expressão ‘trava’ da boca dos amigos de seu amado.
Profundo e sentimental, o filme ganhador do Queer Lisboa, mira na alma, e acerta em cheio. Seu grande ponto alto, no entanto, é que a história é narrada e conduzida por uma mulher trans. Finalmente, estamos frente a tal visibilidade. Disponível na @mubibrasil
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib