Professora Luma Andrade recebe a mais alta comenda da cidade de Fortaleza
Natural de Morada Nova, Luma Andrade é professora, atual diretora do Instituto de Humanidades da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e é também a primeira travesti a conquistar um título de doutora no Brasil. Neste ano, ela foi uma das homenageadas com a Medalha Iracema, entregue na quarta-feira (13/04), mesma data em que se comemora o aniversário de Fortaleza (CE).
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Filha de agricultores, Luma iniciou sua vida acadêmica na Universidade Estadual do Ceará (UECE), no curso de Ciências Biológicas. Aos 35 anos, se tornou doutora em educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com tese que estuda a realidade das travestis nas escolas, relatando casos de estudantes e sua própria história. É a primeira obra que retrata travestis e transexuais no contexto escolar.
Ao longo de sua vida escolar, acadêmica e profissional, a professora passou por diversas situações de preconceito. “Pelo contexto nordestino, no interior do estado, vivendo em situação de pobreza, era uma situação muito singular, de gênero. Na época, não se tinha nada que orientasse esses corpos”, explica ela.
Após ser aprovada no concurso para a rede de educação em Aracati, ela foi impedida de tomar posse, e teve de recorrer à Secretaria de Educação do Estado (Seduc). Durante sua atuação no cargo, ela desenvolveu projetos de incentivo à saúde da mulher, além de realizar palestras.
Pelo contexto nordestino, no interior do estado, vivendo em situação de pobreza, era uma situação muito singular, de gênero.
“Necessitamos que o direito à educação seja garantido às pessoas travestis e transexuais, porque ainda temos gestores nas escolas e universidades que impedem o acesso à essas pessoas, principalmente ao negar o nome social. Respeitar o nome social deve ser garantido, é respeitar nossa existência”, conta. No período do seu doutorado, Luma passou a defender o uso do nome social, e se tornou, em 2010, no Dia Internacional da Mulher, a primeira mulher do estado do Ceará a ter o direito de mudar os documentos, utilizando seu nome social, sem a necessidade de operação de redesignação sexual.
Para ela, a busca pela educação foi essencial para superar as dificuldades que passou. “A educação era o que eu entendia como a única saída. Busquei a educação com toda a dificuldade que eu tinha, eu não tinha em quem me inspirar. Eu sei que não posso perder essa batalha, porque hoje existem outras pessoas seguindo meu exemplo, então eu estou aqui, sendo resistência”.