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MEMÓRIA

Precisamos reescrever toda a história do Brasil considerando onde estavam as travestis

Por Caia Maria*

Em 1984, com a Ditadura Ci(s)vil Militar se encaminhando pro “fim”, 200 travestis recifenses realizaram um protesto. A marcha seguiu até a Delegacia de Boa Viagem e a pauta era o assassinato e ameaças que recebiam nas principais zonas de prostituição da cidade.

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Principalmente desde o assassinato da travesti Cera, cometido por um milionário relacionado no Exército em outubro de 1984, se acirrou uma atmosfera de insegurança e concretamente de ameaça. Muitas testemunhas foram mortas ou desapareceram.

O assassino de Cera, o empresário Oscar Aracaty Rocha, era considerado foragido, embora não se escondesse, figurando em algumas colunas sociais durante jantares e no seu próprio aniversário. Em 1989, o Grupo Gay da Bahia (GGB) denunciou publicamente os descasos com as mortes de homossexuais e travestis pela Polícia de Pernambuco.

Uma das soluções apresentadas pela Polícia foi prender todas as prostitutas cis e travestis do Recife para cadastrá-las. A fiscalização sobre o trabalho sexual já era bastante relevante desde a década de 1970.

O assassino de Cera era considerado foragido, embora não se escondesse, lembra Caia

Mas na década de 80 o trabalho tomou novas proporções: 70 mil prostitutas foram cadastradas. Outra justificativa apresentada era facilitar a identificação de travestis quando cometessem crimes, pois não se apresentavam com o “nome de verdade”, dificultando o trabalho da Polícia.

Na cidade, muitas travestis foram presas porque suas presenças na rua incomodavam a vizinhança, ofendiam a moral e os bons costumes e causavam “medo”. O famigerado pânico moral se escalou até o fim dos anos 1990.

*Caia Maria é conselheira estadual dos Direitos da População LGBT em Pernambuco; articuladora política e vice-coordenadora da @natra_pe; e membro da @ratts_pe 

Redação

Redação Ezatamentchy

1 Comments
  1. marceloDC

    11/05/2022 21:55

    Quem DE FATO são muito mais preconceituados: LGBT+ e situações de gênero, em particular travestis e transexuais. Desconsiderando ateus e comorbidades.
    Necessário acabar com essa em que “uns são mais iguais que outros” e “dois pesos, duas medidas”. Digo isso em particular aos que só pensam em si e “se acham `os`(sic) excluídos e preconceituados” movimento negro e os “direitos” Humanos “gerais”. Ambos também com forte viés cisgenerista e heterossexista.

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