Raquel Eshilley é a representante do Estado do Pará no concurso Miss Beleza T Brasil 2020
A pisciana Raquel Eshilley é a representante do Estado do Pará no concurso Miss Beleza T Brasil, que será realizado em São Paulo em outubro (leia mais aqui) – data preliminar que pode ser alterada devido à pandemia. Entramos em contato com todas as eleitas e publicaremos as respostas por ordem alfabética. E as entrevistas já publicadas estarão no fim da página para você conhecer todas elas.
“Minha trajetória até começar a transição não foi nada fácil. Foi um caminho muito doloroso como o da maioria de nós transexuais, assumi minha transexualidade já maior de idade, porque tinha o ‘entendimento’ que sendo maior de idade já era dona do meu próprio nariz”, conta à Ezatamag.
Fizemos para Raquel as mesmas perguntas enviadas às outras candidatas, garantindo isonomia na divulgação delas este texto de abertura também é padrão pelo mesmo motivo. Conheça um pouco mais sobre a Miss Pará e seus objetivos:
Qual o seu signo e o que você mais gosta no Estado que está representando?
Sou pisciana, sou paraense, atualmente moro no Estado de Goiás e o que eu mais gosto no meu Estado de naturalidade, dentre tantas coisas maravilhosas, é a hospitalidade do povo paraense, o ritmo calypso, carimbó, mellody e o brega. Não posso deixar de mencionar a gastronomia do Estado, que já ganhou até prêmio nacional e também é a mais saborosa, segundo os turistas estrangeiros.
Como foi sua trajetória até começar a sua transição e, agora, poderosa, arrasando, sendo eleita miss e indo ao nacional, como está?
Minha trajetória até começar a transição não foi nada fácil. Foi um caminho muito doloroso como o da maioria de nós transexuais, assumi minha transexualidade já maior de idade, porque tinha o ‘entendimento’ que sendo maior de idade já era dona do meu próprio nariz. Na minha infância e adolescência sempre fui brigona, na rua e na escola, quando eu era chamada por nomenclaturas que sempre me incomodaram e incomodam até mesmo nos dias de hoje, são elas, “viado”, mona, bicha etc…. esses nomes são usados bastante pela sociedade quando se refere a um LGBTQI+, acho ofensivo. Por outro lado, tive que me adaptar quando entrei para o ativismo e militância LGBTQI+, esse tratamento “cordial” entre as pessoas é normal entre elas. No entanto, minha satisfação é de ver a retrospectiva de minha adolescência e enxergar ao olhar no espelho e ver a mulher que eu me tornei, aquela mulher que sempre via atrás do espelho forte e de muita personalidade. A mulher trans que me tornei hoje conseguiu realizar sonhos, ser uma mulher trans redesignada e ser eleita a Miss Beleza Trans Pará. Tudo isso está sendo maravilhoso, e com essa sensação vem a esperança de também me tornar a Miss Beleza Trans Brasil 2020.
O que se tornar Miss significou para você?
Ajudar a comunidade LGBTQI+ sendo uma Miss será mais um complemento do meu ativismo dentro movimento que já atuo, mas é bom ressaltar que agora sou uma Miss militante dos direitos LGBTQI+, além de estar à frente do movimento negro na luta contra o racismo, onde sou coordenadora estadual em Goiás do Fonatrans – Fórum Nacional de Travestis e Transexuais, Negras e Negros .
A mulher trans que me tornei hoje conseguiu realizar sonhos, ser uma mulher trans redesignada e ser eleita a Miss Beleza Trans Pará. Tudo isso está sendo maravilhoso.
Qual avaliação você faz do cenário político brasileiro de hoje em dia?
Nesta atual conjuntura política, tudo é incerto. Veja bem, vivemos num momento totalmente delicado, estamos numa pandemia que se alastra a cada dia sem freio, nossa autoridade máxima não deu o exemplo devido no início de tudo, hoje poderíamos estar voltando à normalidade do País. É um governo que só pensa e está preocupado com a sexualidade alheia, com tantas coisas relevantes para se preocupar. Esse governo e seus gestores não falam a mesma língua, troca seus aliados quando têm posicionamentos técnicos diferentes do dele, como se troca de roupa. Temos um ministério da mulher, família e direitos humanos, onde direitos não são para todos, é um ministério dirigido pela ministra Damares Alves. Já participei de uma reunião na transição do governo em 2018, organizado pelo grupo Aliança Nacional LGBTQI, fui representando as instituições das quais faço parte, Fonatrans e Inamur – Instituto Nacional de Mulheres Redesignadas, a senhora ministra se comprometeu em seu discurso e enfatizou que as prioridade da sopinha de letras LGBTQI de sua gestão à frente da pasta seria as travestis e transexuais. No dia seguinte pós-reunião “Diálogo com o governo” a ministra solta uma frase LGBTFOBICA. “É uma nova era no Brasil, meninas vestem rosa e meninos vestem azul”, demostrando todo seu fascismo pós-reunião. Vale lembrar, que por mais que esse desgoverno quer nos ver em outro planeta, ele é nosso governo e foi eleito democraticamente. Por isso, existem departamentos de políticas públicas como no Ministério da Saúde promovendo e levando nossas pautas, sempre atentos. Isso é importante, por mais que o governo queira retirar nossos direitos, tem quem esteja lá dentro para nos alertar de uma eventual surpresa.
Você acredita que ter se tornado Miss te ajudou na sua autoestima?
Sim, minha autoestima deu uma aquecida.
O que é ser bonita para você?
Ser bonita é você se olhar no espelho e estar contente e feliz com o reflexo que o espelho está te mostrando, a beleza e a diversidade.
E qual tipo de gente você acha horrorosa?
Minha opinião isolada, a pessoa horrorosa é aquela que para satisfazer seu ego diminui a outra para se engrandecer.
O que você pode dizer para as meninas trans e travestis que ainda enfrentam as dificuldades pelas quais você já passou?
Ainda enfrento dificuldades na vida, mas para as que estão começando sua jornada, coloquem como prioridade em vossas vidas os estudos. Trilhem esse caminho que com certeza te levará ao sucesso.
Agora uma pergunta clássica: qual seu maior sonho?
Meu maior sonho é encontrar a felicidade e viver num mundo onde idealizamos como o paraíso.
Instagram @raquel.perola
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