ESPECIAL ELEIÇÕES: Juhlia Santos compõe candidatura de mulheres negras em busca de reparação histórica

Candidata à codeputada estadual em Minas Gerais, Juhlia Santos é uma mulher trans preta, quilombola do quilombo Manzo, artivista e uma das três Mulheres Negras Sim, candidatura coletiva pelo PSol mineiro com o número 50111. Graduada em comunicação, pesquisadora de gênero e artivista, Juhlia compõe a candidatura com a professora de História Tainá Rosa e a assistente social Lauana Nara.

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Elas chegam para serem eleitas no domingo, 2 de outubro, para uma vaga na Assembleia Legislativa, onde Juhlia já foi assessora parlamentar e conheceu de perto o cotidiano da Casa. A futura mandata atuará principalmente pela reparação histórica de pessoas negras – principalmente mulheres -, pela cidadania LGBT+ e para barrar o retrocesso que abate o Brasil há quatro anos.

O meu sonho é ver cada vez mais pessoas diversas, plurais, ocupando esses espaços de poder, repensando e fazendo uma outra Política, humanizada.

“Eleger pessoas LGBT no País é mostrar para a sociedade que nós damos conta de pautar sobre as nossas questões, sobre as nossas vidas, as nossas vivências. Eleger pessoas LGBT é uma afirmação, é assegurar que nós estejamos também nos espaços de poder e decisão da sociedade”, conta na entrevista a seguir:

Por que as pessoas devem votar em vocês?

Votar Mulheres Negras Sim porque historicamente nós mulheres negras servimos de base, para a manutenção desses homens brancos, cisgêneros, que ocupam as casas legislativas, que ocupam esses espaços de poder, que ditam sobre as nossas corpas, que ditam sobre as nossas existências. Mais do que nunca, esta eleição diz sobre a manutenção das nossas vidas, ela diz sobre a perpetuação das nossas, sobre o nosso legado, sobre a nossa existência. Votar em Mulheres Negras Sim é um voto de afirmação, de alternância de poder, de aquilombamento real. É possível sim construir uma sociedade antirracista, anti-machista, anti-LGBTfóbica, onde de fato se alcança o que se chama de minorias.

O que vocês pretendem fazer quando se eleger? Quais suas três principais propostas?

Quando eleitas, o nosso principal compromisso é barrar esse retrocesso, é barrar tudo o que nós perdemos e retomar o que nós perdemos durante esses quatro anos em que o nosso povo foi esquecido, foi cada vez mais desumanizado. Nossas principais três propostas são: uma sociedade, uma Minas Gerais antirracista, com políticas públicas que alcancem as pessoas negras do Estado, entendendo que Minas Gerais é um Estado preto. Este é um dos nossos principais focos. A gente só vai conseguir isso criando políticas públicas, fiscalizando e efetivando políticas que alcancem de fato o nosso povo. Outra proposta é que de fato as políticas públicas contemplem toda a população LGBTQIA+. Não dá mais para pensar uma Minas Gerais que exclui, que mantém à margem pessoas pelo simples fato de existirem diferentemente de uma norma imposta por uma sociedade cisgênera, branca e classista. É isso, autonomia dos corpos, das corpas, des corpes LGBTQIA+. E essa autonomia só vai se dar com a naturalização da existência de pessoas LGBTQIA+ em todos os espaços, inclusive no mercado de trabalho. Porque através do mercado de trabalho a gente garante autonomia para pessoas LGBTQIA+. E o principal é frisar que a chegada de pessoas LGBTQIA+ ao mercado de trabalho, principalmente no recorte de pessoas trans, ela se dá desde a base da estrutura, que é a formação escolar, a formação profissional e as oportunidades sociais.

Quando eleitas, o nosso principal compromisso é barrar esse retrocesso.

Entendendo cada vez mais que mulheres estão à margem da sociedade, que nós mulheres não compartilhamos os mesmos direitos sociais do que os homens, é urgente uma reparação histórica que vá cada vez mais manter mulheres nos espaços de poder, nos lugares de decisão. E a autonomia real das mulheres, fomentar a autonomia através do trabalho, da incidência social, principalmente de mulheres pretas, que dentro do recorte de mulheres são historicamente excluídas. Outro compromisso que temos é que Minas Gerais é terra de mineiros, mas não somos criminosos. É urgente que barremos esse processo da mineração em Minas Gerais, onde fatiam as nossas terras e vendem. Barrar esse governo que cada vez mais saqueia as nossas riquezas naturais, nossas riquezas minerais. E garantir o território saudável, uma terra viva, as nossas matas, nossas florestas, o nosso Cerrado cada vez mais produzindo vida. Queremos assegurar também a liberdade religiosa, a prática da fé de todos os segmentos religiosos, principalmente dos povos e comunidades tradicionais.

“É urgente que barremos esse processo da mineração em Minas Gerais, onde fatiam as nossas terras e vendem.”

Qual a importância de votar em e eleger pessoas LGBT por todo o Brasil?

Eleger pessoas LGBT no País é mostrar para a sociedade que nós damos conta de pautar sobre as nossas questões, sobre as nossas vidas, as nossas vivências. E assegurar cada vez mais a nossa estada nos espaços sociais. É urgente, é um compromisso social que todas as pessoas têm que ter para construir um País, um Estado, uma cidade mais plurais, mais diversos. Onde cabem todas, todos e todes. Eleger pessoas LGBT é uma afirmação, é assegurar que nós estejamos também nos espaços de poder e decisão da sociedade.

“É urgente cada vez mais que a gente não esteja mais liderando o ranking dos países que mais matam pessoas LGBT no mundo.”

Qual seu maior sonho?

Talvez seja muito duro dizer que agora um dos meus sonhos é eleger Lula no primeiro turno para barrar esse retrocesso, as violações dos nossos direitos, o genocídio da nossa população negra, para barrar cada vez mais o extermínio de pessoas LGBTQIA+, de pessoas trans e travestis. É urgente cada vez mais que a gente não esteja mais liderando o ranking dos países que mais matam pessoas LGBT no mundo. O meu sonho é ver cada vez mais pessoas diversas, plurais, ocupando esses espaços de poder, repensando e fazendo uma outra Política, humanizada. Um dos meus sonhos é tirar essas pessoas que legitimam as violências, que legitimam as violações, que legitimam toda forma de opressão nesses espaços de poder. E que cada vez mais a gente naturalize e sacralize a existência de pessoas LGBT+ em todos os espaços.

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