“Segredos de Guerra” é drama bem trabalhado em uma história de amor através do prisma de três pessoas
Por Eduardo de Assumpção*
“Segredos de Guerra” (Tulilind, Estônia, 2021) Ambientado durante a Guerra Fria, nos anos 1970, o filme de Peeter Rebane, conta a história de Sergey (Tom Prior) um jovem que está cumprindo o serviço militar, nas forças aéreas, em uma base russa. Apaixonado por fotografia e arte, ele está contando os dias e minutos até que ele possa ir embora.
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No entanto, quando Roman (Oleg Zagorodnii), um piloto bonitão, chega, seu interesse é despertado. Os homens começam uma amizade e eventualmente um relacionamento, mas como a homossexualidade é ilegal na Força Aérea Soviética, eles nunca podem ficar juntos. A obra é baseada em uma história real, com entrevistas conduzidas antes das filmagens para formular o roteiro ,de Tom Prior e Peeter Rebane, que coloca em questão a homofobia e a masculinidade tóxica explícita em opressivos ambientes militares.
‘Segredos de Guerra’ é um drama de época bem trabalhado que conta uma história de amor através do prisma de três pessoas que estão inexoravelmente juntas. O outro vértice do triângulo é Luisa (Diana Pozharskaya), oficial que está no centro do amor oculto dos dois amigos. O filme tem um belo visual, momentos cheio de simbolismos e até uma celebração ao som de Boney M. A obra é louvável por trazer um romance gay para dentro das Forças Aéreas.
Os encontros clandestinos queimando com paixão e risco enquanto os dois homens evitam a possibilidade de prisão e ostracismo social, acabam quando Sergey é liberado do serviço militar e pode viver sua vida de acordo com seus ideais.
A separação, leva os dois personagens a caminhos diferentes. O reencontro, porém, nos faz refletir que o vai e vem das relações, com problemas impostos por nossas próprias mentes traiçoeiras, apenas retardam a felicidade.
Em Cartaz nos Cinemas.
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib