Mikko Mäkelä está longe de ser sutil em “Sebastian”, mas os temas levam a lugares interessantes

Por Eduardo de Assumpção*

“Sebastian” (Reino Unido/Finlândia/Bélgica, 2024) O filme, de Mikko Mäkelä, de “Amor Entre os Juncos(2017)”, faz comentários marcantes sobre muitas dualidades da prostituição, bem como a desconstrução dentro da narrativa LGBTQIA+. Está longe de ser sutil, mas os temas levam a lugares interessantes.

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Max (Ruaridh Mollica) é um aspirante a escritor, de 25 anos, que vive em Londres. Ele trabalha como freelancer para uma revista para pagar as contas e ganhar créditos na literatura, enquanto continua a trabalhar nos contos pelos quais se tornou conhecido. No entanto, as paixões de Max repousam em seu romance de estreia sobre as experiências de um profissional do sexo, que ele está secretamente escrevendo a partir de seus próprios encontros pessoais sob o nome Sebastian.

“Sebastian” enfatiza a validade do trabalho sexual, ao mesmo tempo em que continua a destacar situações potencialmente perigosas que vêm com a realização dessa linha profissional.

Max fala sobre michês que se orgulham de seu trabalho e o percebem como uma recuperação do poder, mas ele usa sentimentos de vergonha, escrevendo na terceira pessoa para se separar ainda mais das experiências sexuais que o afligem. Sebastian é uma expedição desafiadoramente sincera e sem remorsos na superação da vergonha e do estigma.

A abertura do filme em retratar cenários sexuais explícitos dá importância central ao sexo e à forma como ele impulsiona as ambições. O longa apresenta a sexualidade queer e a prostituição através de uma lente positiva, humanizando os clientes mais velhos que encontram conforto genuíno com Sebastian.

No papel de destaque de sua carreira, Ruaridh Mollica entrega uma performance emocionante como o complexo personagem central do filme, Max/Sebastian. Ele transmite habilmente a ambiguidade de um jovem levando uma vida dupla, incorporando o contraste como uma estrela literária em ascensão, e a vulnerabilidade e a ânsia em agradar como garoto de programa.

Através de uma cinematografia arrebatadora e de uma visão friamente distante de Londres, o estilo visual do filme espelha habilmente a turbulência interior de seu protagonista.

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram: @cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib