Desejo de aprovação e conexão humana de um jovem gay negro guia o longa “The Inspection”
Por Eduardo de Assumpção*
“The Inspection” (EUA, 2022) O filme semiautobiográfico, da @a24, do roteirista e diretor Elegance Bratton, sobre o desejo de aprovação e conexão humana de um jovem gay negro em um ambiente implacável, envenenado por fanatismo e masculinidade tóxica, conta verdades essenciais sobre o estado da vida queer, na América, fora dos epicentros gays e outros espaços seguros.
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O avatar de Bratton, Ellis French (Jeremy Pope), vive em um abrigo para sem-teto há anos. Ele visita sua mãe, Inez (Gabrielle Union), para recuperar sua certidão de nascimento e ingressar no Corpo de Fuzileiros Navais. Com a porta ainda acorrentada, Inez entrega seu documento, incluindo uma intimação judicial. Quando ela finalmente o deixa entrar, ela não é calorosa nem acolhedora.
Torna-se evidente que ela o deserdou cinco anos antes, por causa de sua orientação sexual.O longa narra o exaustivo treinamento básico de quatro meses sob o antiético e sádico sargento Laws (Bokeem Woodbine), um veterano da Operação Tempestade no Deserto que visa quebrar os recrutas, moldando aqueles que podem aguentar e eliminando quaisquer fracos.
Incapaz de esconder seu segredo por muito tempo, Ellis também carrega o fardo adicional de bullying e surras brutais de seus colegas recrutas. Bratton retrata habilmente a confusão de um jovem gay em relação aos seus muitos desejos, amor, carinho, amizade, empatia, orientação, aprovação, sexo e mais, e sua incapacidade de separar e compartimentalizar cada um.
Ellis tem uma queda pelo sargento Rosales (Raúl Castillo), que é durão, mas atencioso. Pope e Castillo cumprem perfeitamente a ambiguidade dessa relação. Bratton conhece em primeira mão os sentimentos que cada cena deve transmitir, mas também tem as habilidades para reproduzi-los com precisão.
As atuações são igualmente fantásticas: Pope capta as nuances e a complexidade de alguém que não projeta naturalmente a masculinidade, ajusta-se para se encaixar em ambientes hipermasculinos e escorrega ocasionalmente. É um ato de corda bamba, e Pope se equilibra com maestria.
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib