“Conte-me Sobre Você” dialoga com uma geração de influencers e tik tokers que mantém o celular sempre à mão

Por Eduardo de Assumpção*

“Conte-me Sobre Você” (Háblame de ti, México, 2022) Chava (German Bracco) completou 17 anos, ele comemora com sua família, incluindo sua mãe, Laura (Arcelia Ramírez) e seu pai, Álvaro (Julio Bracho). Na escola ele tem um grupo de amigos que apostam em quem vai arrumar uma namorada primeiro, e parece que Chava está cada vez mais perto desse objetivo quando começa a receber mensagens anônimas, que ele acredita serem enviadas por Mariana (Isidora Vives), uma linda colega de classe.

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Ao mesmo tempo, ele se sente confuso por uma atração por seu parceiro de natação, Carlos (Martín Saracho). Carlos e Chava começam a se encontrar e se unem para investigar quem é a autora das mensagens, que se autodenomina “Brujita” (Renata Vaca). Como diz o ditado, “quem procura, acha” e coincidentemente descobre que é a mesma menina que se corresponde com o pai, cujas ausências em casa despertam suspeitas.

Ao descobrir a identidade dela, sua vida familiar mudará para sempre, contribuindo para o sentimento de inquietação que o acompanha permanentemente. Eduardo Cortés escreve e dirige um filme que parece pessoal, levando seu protagonista por vários caminhos, explorando sua busca por identidade, amizade, amor, sexualidade e família. Há muita informação incluída, e parece que nem todas as situações apresentadas serão resolvidas, mas Cortés administra com eficiência.

Em relação ao elenco, German Bracco como Chava é sensível e comete muitos erros, mas provoca muita empatia. O peso do filme recai sobre ele e o ator é convincente. Ao descobrir se é gay ou não, sua família passa por um teste difícil, suas notas caem e ele briga com os amigos, levando a uma crise que ele lida com habilidade.

A construção do personagem Carlos é excelente; ele é o único seguro de si e que sabe que custou muito para chegar onde está, então não colocará em risco sua estabilidade emocional, por mais que se interesse por Chava. ‘Háblame de Ti’ é tenro e felizmente não segue a narrativa de ‘novela mexicana’ que é sua maior conquista, inclusive se sai muito bem ao dialogar com uma geração de influencers e tik tokers que mantém o celular sempre à mão.

Disponível no @primevideobr

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram: @cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib