Arte: Fe Maidel
Sou Fe Maidel. Psicóloga, Artista, ATIVISTA!
Acho importante estar aqui com vocês e poder falar das vitórias que tivemos tanto do 17 de maio de 1990, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) excluiu a homossexualidade da CID, quanto do 20 de maio, com a exclusão da transexualidade da mesma lista. Temos que lembrar que esta não é uma data de comemoração, mas de CONSCIENTIZAÇÃO, que esse fato teve repercussão mundial e permitiu várias outras conquistas, o que nos permite sentir orgulho e lutarmos por nossos direitos.
Nessas três décadas conquistamos, por exemplo, a união homoafetiva, o nome social, equiparamos a Homofobia ao Racismo, rechaçamos a Cura-Gay e a ideologia de gênero… Nossa mais recente vitória foi o direito à doação de sangue por LGBTs. Não é pouca coisa!
Mas hoje, ainda, é preciso explicar as diferenças entre orientação sexual e identidade de gênero, trans, cis, não binário… parece que muita gente ainda não entende isso. Então vamos lá: Orientação sexual é como o seu desejo se manifesta, é para onde seu olhar se dirige quando você se interessa por alguém.
A pessoa pode ser Hetero, Homo, Bi ou Assexual. Neste último caso, a pessoa não sente necessidade de uma relação afetiva ou sexual.
O olhar do preconceito sempre tenta diminuir as ambivalências, encaixando as percepções dentro de caixinhas pré-estabelecidas.
A identidade de gênero se refere a como a pessoa entende a si mesma em termos de expressão, como homem ou mulher, ambos ou nenhum deles… já, quando falamos de uma pessoa CIS, grosso modo, é aquela em que seu corpo e sua expressão de gênero concordam entre si. Ou seja, uma pessoa com corpo masculino e que se entende como homem. Por outro lado, uma pessoa trans é aquela em que seu corpo e sua expressão de gênero não concordam entre si.
Por exemplo, uma pessoa nascida com corpo masculino e que se entende como mulher. Já as pessoas que se entendem não-binárias têm uma expressão de gênero fluida, não definindo necessariamente uma expressão entendida como masculina ou feminina. Apenas se expressam. Se você olhar com o olhar do preconceito pode parecer estranho ou errado. O olhar do preconceito sempre tenta diminuir as ambivalências, encaixando as percepções dentro de caixinhas pré-estabelecidas.
E as pessoas LGBTIA+, muitas vezes, não se encaixam nos padrões esperados. Mas algumas vezes, sim…
Muitas vezes, ouço as pessoas comentando que a sigla LGBTIA+ é complicada… é por que as pessoas LGBTIA+ têm o direito e devem ser representadas de forma correta em nossa comunidade: as Lésbicas, os Gays, as pessoas Bissexuais, as pessoas trans, sejam travestis, transexuais ou transgêneras, as pessoas Intersex, as pessoas Assexuais, e o +, que inclui as diversas possibilidades de sexualidade e gênero…
Estamos sempre lidando com preconceito. Desde os tempos da colônia, somos vistos pelo olhar do pecado, do desvio, do diferente. Volta e meia ondas de conservadorismo se propagam e tentam nos calar.
Estamos sempre lidando com preconceito. Desde os tempos da colônia, somos vistos pelo olhar do pecado, do desvio, do diferente. Volta e meia ondas de conservadorismo se propagam e tentam nos calar. A medicina, o direito, a psicologia, os bons costumes… mas, frente a cada um, temos conseguido nos erguer e mostrar que nosso grande mérito é vivermos de acordo com nossa orientação, nossa organização pessoal, nosso desejo de ser feliz. E que estes dizem respeito apenas a cada indivíduo. E que essa seja a grande conscientização que devamos celebrar.
*Fe Maidel é psicóloga, artista plástica e gerente de projetos. Membro do Conselho Municipal de Políticas para Mulheres, diretora de Empregabilidade, Qualidade e Certificação da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, secretária Municipal da Diversidade23- Cidadania, trabalha junto a entidades públicas e da sociedade civil focando o resgate e a sustentação da autoestima feminina como meio de ampliar a participação delas na dinâmica da sociedade.
Geralda Ávila
18/05/2020 18:37
Artigo importantíssimo que reitera o muito que ainda tem a ser feito para quebrar tanta barreira de preconceito e discriminação, mas ao mesmo tempo otimista por lembrar todas as conquistas realizadas. O mais importante é cada um de nós se enxergar no outro, humanamente com todas as possibilidades e impossibilidades enquanto seres, independente de quaisquer estigmas construídos socialmente. Substituir os pré conceitos por conceitos humanistas.