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Vinicius Gomes deixou para trás o bullying para realizar seu sonho de ajudar famílias que têm fome

Já faz três anos que Vinicius Gomes, 22 anos, vem realizando seu sonho: ajudar famílias que têm fome. Morador de Ituberá, Estado da Bahia, ele quase desistiu de sua jornada porque sofria bullying, o chamavam de gordo e palhaço, seria impossível alguém assim conseguir ajudar a si mesmo, ainda mais outras pessoas. A crueldade de quem nada faz contra a bondade de quem quer fazer.

O tempo passou e Vinicius, que tinha internalizado o bullying e realmente acreditava no que diziam dele, se deparou com uma família que precisava de alimentos enquanto fazia uma visita a pedido de seu trabalho. As críticas que o fizeram adormecer o sonho se apagaram com a necessidade real e imediata que estava à frente dele, pegando em seu braço, pedindo ajuda.

Uma história linda de empatia, os resultados do projeto Mais Amor podem ser conferidos no Instagram dele @iamviniciusgomes – por onde quem quiser ajudá-lo a ajudar pessoas pode entrar em contato e reforçar essa corrente do bem. Uma história sensível que merece ser contada em primeira pessoa:

“Eu sempre tive o sonho de ajudar pessoas carentes, sempre foi um desejo do meu coração. Mas eu sempre sofri muito bullying porque eu era o gordo, o palhaço, as pessoas sempre falaram que eu não era capaz. Eu internalizei isso na minha mente e achei que realmente não tinha como realizar meu sonho.

Anos se passaram e eu comecei a trabalhar, e nesse trabalho eu tinha que fazer entrevistas com algumas famílias, foi quando eu conheci uma família, uma senhora e seus quatro filhos, e a gente começou a conversar e eu perguntei para o mais velho, que tinha uns 14, 15 anos, onde estava o pai dele. A mãe dele começou a chorar.

Aí ele me falou: “tio, mataram meu pai na nossa frente”. Aquilo mexeu muito comigo. Quando eu saí da casa, ele veio na minha direção, pegou no meu braço e disse: “tio, aqui em casa a gente está passando fome, tem como fazer alguma coisa?”. Naquele momento eu decidi que eu ia realizar meu sonho. Peguei uma caixa de papelão e saí pela rua pedindo alimento de porta em porta sozinho.

Muita gente desacreditou, pensava: como um menino sozinho ia ajudar uma família. No dia 6 de abril, faz três anos que eu venho nessa luta ajudando famílias porque eu acredito em um mundo melhor. Já foram mais de 100 famílias que eu consegui ajudar pedindo alimento de porta em porta, e o Mais Amor é um grito de socorro, onde eu saio recolhendo alimentos pelo meio da rua sozinho e depois eu formo as cestas e vou ajudar famílias que estão passando fome naquele exato momento.

Graças a Deus eu venho conseguindo realizar meu sonho. Já ajudei famílias de outras cidades, mas não é frequente porque eu tenho que ajudar as famílias da minha cidade. É muita gente, cada dia aprecem mais pessoas.

Eu digo sempre que independente do que as pessoas pensam de você, independente do que as pessoas falam de você, a gente não pode desistir dos nossos sonhos. Por muito tempo eu ouvia o que as pessoas falavam de mim, que eu era incapaz de realizar meu sonho. Hoje eu vejo esse sonho de ajudar as famílias, é a melhor coisa que eu posso ter na minha vida.

Eu estou muito feliz de poder realizar o meu sonho de ajudar pessoas que passam fome.”

Fome no mundo

O número de pessoas sem alimentos suficientes atingiu 820 milhões em 2018, ante 811 milhões no ano anterior. É o terceiro aumento seguindo de populações com fome, segundo relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) mais recente. O número representa que uma em cada 9 pessoas no mundo passa fome. São 513,9 milhões na Ásia, 256,1 milhões na África e 42,5 milhões na América Latina e no Caribe.

Os dados mostram o tamanho do desafio que é atingir um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o ODS 2, o de Fome Zero em 2030. Segundo o levantamento, o ritmo do avanço para reduzir pela metade o número de crianças com atraso no crescimento (148,9 milhões) e o de bebês nascido com peso abaixo do normal (20,5 milhões) é “demasiado lento”, e isso também torna mais distantes os objetivos de nutrição do ODS 2.

O informe mostra ainda que as probabilidades de sofrer com a insegurança alimentar são maiores para as mulheres em todos os continentes, especialmente na América Latina.

O relatório da FAO mostra que o Brasil, onde há “elevados e persistentes níveis de desigualdade quanto a rendimentos e acesso a serviços básicos”, houve redução desse problema entre 1999 e 2014, com crescimento da economia e melhora de indicadores como o de Gini. O organismo das Nações Unidas destaca ainda que “26,5 milhões de brasileiros abandonaram a pobreza entre 2004 e 2014”, período que coincide com governos Lula e Dilma.