Eduardo Madureira enfrenta a família e o preconceito de cidade do interior para ser um homem trans referência para os outros

Se ser uma pessoa trans já não é fácil em uma sociedade preconceituosa, imagine ser o primeiro homem trans de uma cidade com 50 mil habitantes. É a experiência do aquariano de 25 anos Eduardo Madureira, morador de Itararé, interior do Estado de São Paulo, que há sete anos começou a buscar a verdade que estava dentro de si.

Ele conta à Ezatamag no relato a seguir que enfrentou resistência dentro de casa por causa de sua identidade, e ainda enfrenta. Por isso, mesmo se entendendo homem aos 11 anos, foi somente aos 18 que pode começar a caminhada para ser plenamente Eduardo.

Hoje apaixonado e dono de si, ele pensa nas outras pessoas trans que também enfrentam obstáculos e quer ser para elas uma referência. Quer ser a fonte de informação e troca de experiências que pode tornar a transição muito mais segura, confortável e cheia de sucesso.

Meu plano para o futuro é ser uma referência de ajuda para pessoas trans que não têm nenhum tipo de apoio.

Ele conta tudo:

Eu tenho 25 anos, sou de Aquário. Moro no interior de São Paulo, em uma cidadezinha chamada Itararé, com um pouco mais de 50 mil habitantes. Sou o primeiro homem trans aqui.

Comecei a me entender homem lá por 11, 12 anos. Mas não tive nenhum tipo de apoio em casa em relação a isso. Até hoje meus pais não me aceitam. Então só iniciei minha transição quando completei 18 anos e saí de casa.

Eu tenho minha casa e vivo a minha vida, então eu tendo pelo menos o respeito deles já está bom. Mas ainda tenho esperança que um dia essa situação seja melhor.

Meu conselho é sempre seguir em frente.

Em relação às três perguntas: sempre perguntam da minha barba (risos). Se demora pra nascer e tudo mais. Outra pergunta bem frequente é sobre meu peitoral, porque eu não realizei mastectomia, sabe? Consegui definir apenas com treinos específicos e uma alimentação balanceada.

E por último perguntam como é minha relação com meus pais já que eles não me tratam no masculino nem me chamam de EDUARDO.

Acredito que quanto mais falarmos sobre TODOS os assuntos, menos preconceito e intolerância vamos ter lá na frente.

Meu plano para o futuro é ser uma referência de ajuda para pessoas trans que não têm nenhum tipo de apoio, como eu mesmo não tive quando iniciei o tratamento.

Quero pode ajudar mesmo que virtualmente.

A foto

“Não julgue um livro pela capa”… Lembro de não me reconhecer olhando no espelho na primeira foto, era como se eu estivesse olhando qualquer outra pessoa, menos a mim mesmo. Assim como me lembro da sensação maravilhosa de ver o primeiro fio de barba nascendo no meu rosto!


Por isso você que está no começo da transição, não desanime nem desista do seu objetivo. A sociedade vai te julgar, rir da sua cara e te olhar torto na rua, mas mesmo assim não recue!

Eu não realizei mastectomia, sabe? Consegui definir apenas com treinos específicos e uma alimentação balanceada.

 

Você não está sozinho, alguém em algum lugar se inspira em você, e lá na frente você vai ver que não precisa da aprovação de ninguém. Quem te aceita e respeita estará sempre ao seu lado de uma forma ou outra, assim como quem não suporta ver suas vitórias sempre vai dar um jeito de tentar te atingir.

Comecei a me entender homem lá por 11, 12 anos. Mas não tive nenhum tipo de apoio em casa em relação a isso.

Meu conselho é sempre seguir em frente. Você pode conquistar tudo o que quiser, e isso depende apenas de você!

Eu tenho uma HASTAG #DicaTransDoEdu💙

Posto minhas experiências e tento ajudar quem ainda está iniciando o processo de transição, sabe? Tento dar aquela força que não tive.

Instagram @_eduardo_madureira