Afroito canta de Pernambuco para o mundo sua mensagem de orgulho de ser negro

O olindense Afroito é uma das mais gratas surpresas da música brasileira dos últimos tempos com sua criatividade, talento e responsabilidade como artista no Brasil 2022. Faz uma narrativa genuinamente nacional, com influências do coco, falando de orixás, celebrando a raça negra que ajudou a construir o País onde vivemos, vai às ruas protestar contra governos.

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O álbum “Menga”, traz sete músicas deliciosas que resumem um pouco do muito que é Afroito. Ganhou formato de curta-metragem conectando as composições e mistura a tradição da Jurema e a evocação dos poderes da natureza, critica a situação social dos brasileiros e ainda acha espaço para compro uma poesia intrincada e muito bem construída.

“Tu se perde quando se procura em mim. Eu perco tudo quando beijo a tua boca. Tu se perde quando a gente dança juntinho. Eu perco tudo quando te vejo na roda”, canta em “Perco Tudo”.

Neste ano, Afroito já lançou o ótimo EP “Açude”, com quatro faixas trazendo mais dessa mistura deliciosa, dessa celebração das raízes e do poder da ancestralidade, dessa deliciosamente fortíssima influência do coco na música dele. Coco, para quem não sabe, é um ritmo típico do Norte e do Nordeste que segundo historiadores embalava os trabalhos nos engenhos de açúcar dessas regiões.

Um passado que é evocado nas composições sob um olhar de poder, de potência, de crescimento e superação de um racismo estrutural que ainda castiga. Afroito é orgulhosamente negro, sua música traz as tradições de seu povo, é sobre isso, sobre ele, para ele, que a música é construída.

Afroito canta do Nordeste, de Pernambuco, para uma comunidade a cada dia mais consciente de sua beleza

É mais um dos muitos talentos espalhados pelo Brasil fora do eixo de divulgação Rio-São Paulo. A exemplo de Lenine e Chico Science, Afroito canta do Nordeste, de Pernambuco, para uma comunidade a cada dia mais consciente de sua beleza, de suas possibilidades, orgulhosa de si.

“Entra na roda e deixa o mundo girar. Entra na roda e deixa, até teus olhos de mel encontrar os meus de dendê. O vermelho da tua boca é como pena de Ekodidé”, celebra em Obará uma das vozes mais significativas da nova geração da música brasileira.