DJ Daniela Carvalho quer (e pode) conquistar a noite paulistana para abrir espaço para muitas outras trans

É para “conseguir um dia quem sabe desmitificar o que é ser uma pessoa trans/travesti no meu país e alcançar um lugar de destaque” que a DJ, modelo e publicitária Daniela Carvalho (@eudanibee) coloca todos os dias seu corpo político no mundo. Ela acaba de se mudar do Maranhão para São Paulo e mira uma das maiores cenas noturnas do mundo para dar seu nome, tocar seu som e fincar os pés em um território que é todo dela.

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Hoje com 26 anos, desde muito tempo Daniela sabe desse pertencimento, se diz artista desde que nasceu, corre atrás de formação, de estudos, não perde uma oportunidade de se inspirar em boas referências (como Roberta Close e Mel) e não deixa de lado a disposição para ir além – porque ela sabe que não está sozinha.

Essa gata conta à Ezatamag na entrevista abaixo que “quero alcançar um lugar de destaque não só para provar minha capacidade para a sociedade, mas pelo simples fato de alcançar lugares ainda não ocupados e abrir portas para que outras pessoas assim como eu consigam acessar”.

Como está sendo esta retomada depois da pandemia? A mudança para SP?

Estou voltando aos poucos, poucas contratações, ainda mais fora do meu Estado onde eu era mais reconhecida como artista de fato. Tudo mudou com essa pandemia, os eventos como DJ, a logística de trabalho, sempre menos pessoas nos lugares, mas aos poucos tudo vai tomando forma novamente. Como artista estou mais sensível que o normal, porém com uma força e garra de ter sobrevivido à pandemia!

Quais os planos para este ano?

Neste ano meu foco é construir minha carreira profissional junto à Suba Junto, agência em que fui recentemente efetivada. Quero desenvolver meu trabalho da melhor forma possível junto à minha equipe e em paralelo dar continuidade à vida artística, me lançar nos clubes paulistanos e agitar a noite por aqui!

Como você vê o crescimento da arte trans no Brasil e no mundo nos últimos anos?

O fato de ser trans já coloca nossa vida em um looping eterno de ter que provar sempre ser capaz ou não de desenvolver qualquer tipo de trabalho. No meio artístico a ascensão está acontecendo aos poucos, mas está. Ser trans virou moda e o que está em alta tem sempre um lugar de destaque, assim espero.

Temos que estudar e correr atrás dos nossos objetivos, porque os sonhos estão voando por aí, temos que nos preparar para voar junto a eles!

Você já tem quantos anos de trajetória artística? Como você descobriu a artista dentro de você?

Artista sempre fui, mas me descobri de fato, quando entrei na universidade e tive uma vivência com vários artistas de diferentes áreas, tanto na Comunicação, quanto na Música, Artes Visuais. Aí fui me encantando até me tornar uma DJ quando completei 20 anos, depois de 3 anos de convivência com muitos artistas!

Qual a principal lição que você aprendeu neste caminho?

Que não adianta glamourizar, temos que estudar e correr atrás dos nossos objetivos, porque os sonhos estão voando por aí, temos que nos preparar para voar junto a eles!

“Quero desenvolver meu trabalho da melhor forma possível.”

O que dizer para quem está começando na carreira?

Estudar muito, se preparar, buscar um caminho e seguir em frente, e é claro se tiver a oportunidade de conviver com pessoas do ramo que deseja seguir é uma ótima estratégia, ter alguém pra seguir de exemplo, se inspirar.

Agora me conta o seu maior sonho!

Meu maior sonho é conseguir um dia quem sabe desmitificar o que é ser uma pessoa trans/travesti no meu país e alcançar um lugar de destaque não só para provar minha capacidade para a sociedade, mas pelo simples fato de alcançar lugares ainda não ocupados e abrir portas para que outras pessoas assim como eu consigam acessar!