“Tatuagem – o musical” chama participações e levanta discussões em ano de eleição

O ator e cantor Lucas Truta quer “viver num Brasil onde a Arte e a Democracia sejam celebradas. Onde quem faça Arte seja reconhecido e que todos tenham acesso ao que seja produzido. Um Brasil de menos desigualdade e nenhuma miséria”.

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É para alcançar este objetivo que dá sua contribuição entregando-se por inteiro no espetáculo “Tatuagem”, em cartaz em São Paulo até o dia 5 de junho. A obra de Hilton Lacerda pula do Cinema para o Teatro porque ainda tem relevância para ser montada – agora em versão musical.

Fala da busca por liberdade, da luta contra a opressão. Levanta discussões, chama participações e não poderia ficar de fora da formação de opinião pública em 2022, ano de eleição presidencial. As músicas deliciosas de As Baías completam o cardápio. Lucas conta tudo à Ezatamag a seguir:

Por que você acha importante reforçar a discussão do filme em um espetáculo?

Acredito, primeiramente, que trabalhar obras que já existem de alguma forma, é sempre uma oportunidade de colocar um novo prisma e possibilitar novas leituras e percepções, colocando, inclusive, uma lupa em pontos que antes ocupavam um espaço diferente. Se tratando de “Tatuagem”, especificamente, acho que a discussão que o filme trazia dentro daquele cenário de repressão no período de ditadura militar brasileira só ganhou mais relevância frente aos passos que o país deu politicamente desde 2013, quando o filme foi lançado. Todo o sucateamento do trabalho artístico e a resistência que os coletivos e os profissionais da Arte têm mantido todo esse período, assim como a onda conservadora que se estabeleceu ganha luz e acaba sendo discutida, de alguma forma no espetáculo, revivendo de forma eletrizante o que já trazia o filme.

Lucas: a discussão que o filme trazia dentro daquele cenário de repressão no período de ditadura militar brasileira só ganhou mais relevância

Qual impacto o filme causou em você?

Lembro que quando vi o filme pela primeira vez fiquei encantado com aquela história de amor entre dois homens tão improváveis: um soldado e um “contraventor”, um artista. Pra mim, um passo importante no cinema nacional, sendo um filme que mostrava um romance gay, quando os debates LGBT+ ganhavam cada dia mais relevância e toda aquela liberdade vivida dentro do Chão de Estrelas, trupe de artistas retratada no filme, que lutava para se manter aberto e trazendo debates importantes para a sociedade recifense em tempos ditatoriais, me deixaram completamente encantado e identificado com a atmosfera. Engraçado, Me senti parte do grupo ao assistir o filme de Hilton Lacerda e hoje, de fato, faço parte dele na adaptação de Kleber Montanheiro. Voltas que a vida dá (risos)

Como foi essa adaptação? O que de mais importante tem nas duas versões, na sua opinião?

Isto o Kleber Montanheiro, nosso diretor, pode contar melhor, mas reza a lenda que, naqueles dias mais tensos da pandemia, quando nós artistas, principalmente os de Teatro (que se realiza no encontro, na presença) ficamos sem saber o que faríamos nos próximos tempos, tudo apareceu perfeitamente encaixado na cabeça de Kleber. O filme de Hilton, as músicas da discografia das Baías, juntos num espetáculo que comemoraria os 25 anos da Cia da Revista. Se você for assistir a peça vai ver como parece que aquilo faz tanto sentido que você já deveria ter visto antes. Acho que nas duas versões da obra tudo foi entregue. Mas, talvez por estarmos vivendo um momento histórico de muitas ameaças à Democracia, as similaridades entre o período retratado na história e o período atual gritem mais alto no musical que está em curso.

Trabalhar obras que já existem de alguma forma, é sempre uma oportunidade de colocar um novo prisma.

Qual a importância de discutir liberdade, direitos, opressão em ano eleitoral Precisamos estar mais conscientes e alertas a partir de agora?

Precisamos discutir a liberdade, direitos e opressão todos os anos, independente de eleição, mas claramente, se aprendemos alguma coisa nesses últimos quatro anos, é que direitos e liberdade podem de fato ser colocados em xeque e que sempre podemos regredir democraticamente enquanto sociedade. Não queremos mais isso. Deveríamos sempre estar atentos. Mas sempre é tempo de despertar. “Não temos tempo de temer a morte”.

Qual a principal mensagem que vocês querem que o público capte?

Acredito que enquanto grupo estamos alinhados, mas falando de meu lugar, o que quero é que o público se divirta, se emocione e vibre junto conosco neste retorno. No espetáculo, a gente mostra a força e resistência e o amor que cada um tem. Precisamos estar juntos, enfrentar toda essa força que tenta nos parar e mostrar que não adiantam as tentativas de derrubar o Povo. A gente acaba voltando mais forte, mais unido e mais feliz.

“Precisamos discutir a liberdade, direitos e opressão todos os anos”

Que tipo de contribuição as músicas d’As Baías trazem ao espetáculo?

Quando me deparei, fazendo ainda o trabalho de mesa na preparação para o espetáculo e ouvi as músicas da forma como elas aparecem no espetáculo, foi impossível não me perguntar se elas tinham sido feitas para a história. As Baías já eram um trio que eu, enquanto cantor, tinha profunda admiração, e um dos motivos por querer participar do projeto. Suas músicas são feitas de Brasil. Em suas várias formas. Na adaptação de Tatuagem, as letras se encaixam com a história não de forma a narrar as cenas, mas elas comentam-nas, trazendo um olhar certeiro para o que está acontecendo e enchendo tudo de muita emoção.

Agora me conta seu maior sonho!

Sou muito libriano pra elencar um MAIOR sonho, mas posso dizer que um dos grandes é viver num Brasil onde a Arte e a Democracia sejam celebradas. Onde quem faça Arte seja reconhecido e que todos tenham acesso ao que seja produzido. Um Brasil de menos desigualdade e nenhuma miséria.

Espaço Cia da Revista: Alameda Nothmann, 1135 – Campos Elíseos, São Paulo

(11) 3791-5200

Ingressos clicando aqui.

Quintas -Feiras – 21h

Inteira: R$ 80/Meia : R$ 40 /Mesa (direito a dois lugares): R$ 200.

Sextas -Feiras – 21h

Ingressos Gratuitos – retirada na Cia da Revista, por ordem de chegada.

Sábados – 21h  /   Domingos – 19h

Inteira: R$ 20/Meia: R$ 10 /Mesa (direito a dois lugares): R$ 40

* Obrigatório apresentação de carteira de vacinação. Servem como comprovante de vacinação o certificado de vacinas digital disponível na plataforma do Sistema Único de Saúde – Conecte SUS, ou Poupatempo Digital, e comprovante ou cartão de vacinação emitido pelo órgãos de saúde.