“Tu Me Manques” é drama poderoso que reitera o dano criado quando os pais impõem seus próprios ideais aos filhos
Por Eduardo de Assumpção*
“Tu Me Manques” (Bolívia/EUA, 2019) O longa, do cineasta boliviano Rodrigo Bellott, é baseado em sua peça, que por sua vez se inspirou na história real de Gabriel, de 20 e poucos anos, que se estabeleceu em NY porque sentia que nunca poderia ser o filho que sua família ultra-religiosa na Bolívia esperava que ele fosse. A história começa com a chegada de Jorge, seu pai, que veio para NY depois que Gabriel repentinamente se suicidou.
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Totalmente inconsciente da sexualidade de seu filho, a dor de Jorge rapidamente se transforma em raiva quando ele começa a descobrir a verdade, e a maior parte é dirigida a Sebastian com quem Gabriel tinha acabado de romper. Sebastian não tinha ideia da morte de Gabriel e, embora tivesse de lidar com sua própria dor, de alguma forma ele tentou acalmar a amargura de Jorge porque ele estava erroneamente ansiando por sua ideia de um filho que não era realmente Gabriel.
Ao apresentar Jorge a muitos dos homens gays que foram uma parte importante da vida de Gabriel, ele esperava ser capaz de mostrar a ele o verdadeiro eu de seu filho. Bellot opta por contar a história de uma maneira em camadas que mistura a narrativa da vida de Gabriel com um drama, para o teatro, que Sebastian escreveu e dirige com a realidade de Jorge em Nova York.
É um drama muito poderoso que reitera o dano criado, intencional ou não, quando os pais impõem seus próprios ideais a seus filhos, sem qualquer consideração por sua natureza ou seus próprios sentimentos. Infelizmente, essa história tão familiar vai ressoar alto com tantas pessoas LGBTQIA+ que sofreram pressão semelhante enquanto cresciam e, pior ainda, termina com jovens gays e mulheres tirando suas próprias vidas.
‘Tu Me Manques’, o que significa eu sinto sua falta , começou a vida como uma peça de teatro na Bolívia, que causou tanto barulho e começou uma conversa nacional sobre leis antidiscriminação, suicídio e homofobia. Com tanto interesse, era natural que Bellot passasse a adaptá-lo para um filme, comovente e majestoso.
Disponível na @hbomax
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib