Carla Nunes fez mapeamento das igrejas inclusivas em solo brasileiro
Crescente onda de LGBT+ evangélicos e igrejas inclusivas ameaça cada vez mais o exclusivismo dos tradicionais
Por Artur Vieira*
A teologia que inclui homoafetivos e propõe estudar a Bíblia através de outra ótica – valorizando a diversidade sexual, fazendo um estudo sem a demonização dos LGBT+ e um favorecimento heterocêntrico – tem conquistado esse grupo, que antes era censurado no plano de salvação de Cristo por evangélicos tradicionais.
Leia também:
8 influencers de moda mid e plus size para seguir no Instagram
17 de Maio é o Dia Internacional Contra a LGBTfobia. Dá para comemorar?
Essa realidade tem mudado de forma cada vez mais avassaladora no Brasil. Se antes para pertencer a uma denominação evangélica esse público precisava negar seus desejos e reprimir sua sexualidade por meio de campanhas de oração e até mesmo uma reorientação sexual com “terapias de conversão”, isso não é mais necessário.
O aumento significativo Brasil afora de templos inclusivos tem assustado cada vez mais lideranças evangélicas tradicionais e esvaziado seus bancos. E isso tem incomodado a ponto de atrapalhar na arrecadação financeira desses templos. Tanto que, várias dessas denominações têm repensado seu discurso e se declarado como “plurais”. Nada mais é que evangélicos heteronormativos que aceitam e acolhem homoafetivos em suas igrejas.
Um grande exemplo disso é Cleiri Irade, que desde muito cedo teve contato com a igreja evangélica tradicional, porém seu rompimento com a instituição religiosa só foi acontecer anos mais tarde. Hoje aos 31 anos, já casada com sua companheira Darfini, consegue perceber como o fundamentalismo dessas igrejas trouxe esse rompimento: “eu e minha família nunca conseguimos nos encaixar na ‘caixinha’ da igreja”.
Agora com o entendimento da teologia inclusiva e depois de liderar ao lado da esposa, mulheres e casais, por mais de 3 anos na função de presbíteras, elas causaram alvoroço de esperança no Distrito Federal, ao anunciar em setembro de 2023 sua própria comunidade. Ao lado de mais alguns amigos e parceiros na trajetória religiosa que têm histórias semelhantes, Cleiri Irade abre as portas semanalmente em Águas Claras – DF para abraçar e acolher o público LGBT+.
Cansada do discurso de ódio da Igreja Evangélica, Cleiri propõe uma nova forma de trabalhar com os homoafetivos na Comunidade Cristã Identidade; misturando o estudo das escrituras com ação social: “ eu sou amada por ser quem eu sou! Só o amor transforma”, afirma Cleiri.
E essa realidade deve assustar ainda mais os líderes tradicionais, pois essa onda crescente da Teologia Inclusiva tem avançado tanto que despertou na jornalista e também pastora Carla Nunes a fazer um mapeamento das igrejas inclusivas em solo brasileiro. São mais de 130 igrejas inclusivas cadastradas e catalogadas no site criado por Carla, com disponibilização gratuita para pesquisar a igreja inclusiva mais próxima. Você pode acessar o site nesse endereço: www.igrejasinclusivasnobrasil.com.br
Além disso, Carla criou também a Rede Plural, uma ferramenta para fortalecer, capacitar e direcionar essas igrejas, dando suporte com estudos sobre a teologia inclusiva, apostilas sobre discipulado e orientação para novos pastores e congregações.
Sem falar no mais completo e-book idealizado também por Carla Nunes, um material rico em pesquisa, análise de gênero e perfil dos frequentadores dos templos inclusivos, contexto histórico e início do movimento em nosso país. Um material inédito e já disponível na plataforma hotmart.
Com isso, esse movimento mostra ainda mais a força e a crescente onda de evangélicos da comunidade LGBT+ que é uma realidade palpável e cada vez mais assustadora para os tradicionalistas religiosos que insistem em condenar as diferentes formas de sexualidade. E não para por aí, também tem estremecido o mercado musical gospel, com a chegada cada vez mais frequente de artistas LGBT+.
O próprio aplicativo de música Spotify tem uma seção dedicada a esse grupo com uma parte inteira de louvores voltado ao público cristão inclusivo – outra crescente que tem atormentado o mercado musical gospel, mas este é um assunto para outro dia.
*Artur Vieira é um cristão, gay e jornalista que trabalha com o público LGBT desde 2013 na internet com o perfil “De Volta ao Reino”.
Raylan
17/01/2024 17:40
Top demais. Um assunto importantíssimo que ainda desperta curiosidade
Heloísa de Paula
17/01/2024 17:49
Eu amei a matéria. Obrigada pelas informações.
Saber que existe uma igreja que acolhe é muito bom. Mas ter informações onde elas estão é melhor ainda…