Encontro de gerações da música pernambucana toma conta do Teatro Paiol em SP no dia 1
“Oi, sumidyyyy. Tá com saudade do carnaval?”. O convite é para um show que une releituras de clássicos da música popular pernambucana às composições autorais dos jovens artistas, também pernambucanes, Aquiles, Luke Li e Rapha. Idealizado pelo trio, vai trazer as diversas sonoridades que compõem a música pernambucana também presentes nas raízes referenciais de seus trabalhos. É neste dia 1, em São Paulo (SP), no Teatro Paiol, a partir das 20h, dentro do Festival Pepper Music.
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Após o destino cruzar o caminho de Aquiles, Luke Li e Rapha, eles perceberam semelhanças em seus processos de criação e lirismo, o que também fortaleceu o elo da amizade que já existia. Mesmo partindo de narrativas diferentes, conseguiram partilhar de contextos sociais e geopolíticos que desencadearam suas criações coletivas.
E a necessidade de materializar suas obras musicais fez com que a ideia de Pernambuque fosse concebida também coletivamente, norteando uma celebração à cultura pernambucana e confidenciando ao público seus ideais, perdas, amores, frustrações, gritos e esperanças em forma de letra e música.
A gente sabe que não é fácil, mas entender que semelhantes conseguem ser realizadores nos faz ver uma luz no fim de tudo.
“Foi na pandemia que a nossa conexão se fortaleceu. O show é a oportunidade de compartilhar com o público nosso trabalho e nossa arte através dessa conexão artística que é tão forte pra gente”, comenta Luke Li sobre o catalisador que é esse encontro.
Justamente inspirades em grandes encontros como a junção de Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho, foi possível idealizar um show que contempla a atualidade e expõe uma estética pop, valorizando o passado e dialogando com o agora.
“O nome do show veio como resultado da nossa movimentação de misturar o clássico cancioneiro popular pernambucano com as nossas vivências do presente em nossas composições”, diz Rapha, refletindo sobre subtítulo escolhido. “O futuro é um mistério. Ele te traz o esperado, mas também te surpreende com novidades. Assim é o nosso show. O que você espera e o que você não espera.”
Ator, cantor e compositor recifense, Rapha traz em suas letras e melodias a sonoridade característica de um Recife mesclado com a música pop contemporânea. Multiartista olindense, Luke Li expressa a sua narrativa pela música através de suas composições que bebem diretamente de elementos da música pop e de sua paixão por contar histórias.
“A gente quer fazer as pessoas verem através dos nossos olhos, numa imersão artística brasileira, original, regional e pop”, comenta Aquiles, que desafia padrões com seu discurso afiado sobre negritude e identidade de gênero através da música e da sua forma de se mostrar ao mundo.
Eles contam mais na entrevista a seguir:
Qual a mensagem principal do show?
“Inspirar artistas imigrantes e independentes, como nós, a compartilhar a sua arte e jogar seu trabalho no mundo. A gente sabe que não é fácil, mas entender que semelhantes conseguem ser realizadores nos faz ver uma luz no fim de tudo”, responde Luke.
Assim é o nosso show. O que você espera e o que você não espera.
Como vocês selecionaram as composições?
Algumas delas já eram certas antes mesmo da ideia do show. Tocar e cantar nossas músicas autorais, quando estamos reunides com amigues, é muito comum e as reações a muitas delas contribuíram para essa certeza prévia. Além disso, escolhemos músicas que falam o que viemos sentindo nesses últimos tempos. Vai ser um prazer compartilhar isso com a galera!
Este encontro de gerações de compositores selecionades é importante?
Muito. Eles são nossas referências. Trazem revolução musical e nossa herança no mesmo pacote. É bonito ver a arte se refazendo e acompanhando as demandas do tempo. Tanto no som quanto no discurso.
O que nunca falta em uma boa música pernambucana? Qual o ingrediente secreto?
“Poesia”, coloca Aquiles. “Uma história bem contada”, aponta Luke. “E um som chiclete que, provavelmente, vai te querer fazer dançar”, comenta Rapha. E Aquiles complementa: “acreditamos que o ingrediente secreto maior, nem é segredo, é uma boa vivência”.
Como ela pode ajudar a construir uma sociedade melhor? Qual o poder da arte e da cultura para isso?
“Trazer novos olhares para ideais já cristalizados em estruturas insustentáveis”, coloca Rapha. Aquiles completa: “a arte arrebata, né! Acho que uma parte muito legal que vejo nas nossas músicas, por exemplo, é que elas te fazem pensar com a letra. Se não na hora, depois. E muitas delas conversam com questões sociais que enfrentamos hoje em dia, como questões políticas latentes, gênero e sexualidade, irresponsabilidades emocionais… e aí é isso. Você tá cantando e de repente pega essas mensagens e reflete sobre isso. Acho que podemos absorver as coisas dessa forma leve e tão prazerosa que é ouvir música.”
Pernambuque – o show – 1/6, às 20h
Teatro Paiol Cultural: Rua Amaral Gurgel, 164 – Vila Buarque – São Paulo
Ingressos pelo Sympla clicando aqui
R$70 (inteira) e R$35 (meia)