DJ Grace Kelly lança novo single que enaltece a mulher lésbica e bissexual

Baiana de nascença e internacional na convivência, DJ Grace Kelly ilumina e enriquece a cena cross-cultural de DJs de Berlim, cidade onde vive atualmente. Como mulher nordestina, macumbeira, negra e sapatão, sua música é política por essência. De sina viajante, já usou sua bagagem brasileira para fazer vibrar corpos e tremer espaços em Mykonos, Bali, na Grã-Bretanha, Itália, Marrocos, Polônia, Luxemburgo, Brasil, Suíça, Áustria, Israel e nos Países Baixos. São 20 anos de carreira, misturando música afro-brasileira e latinoamericana com electro e house, breakbeats orientais e ritmos do leste europeu.
Neste novo lançamento, distribuído pelo selo Caloor Records, Grace instiga a atenção para o seu primeiro EP, chamado “Dengo” com o single PPK (Pepeka): uma ode às sapatonas e bissexuais que vai muito além do que essas três letras podem significar. Rebolar a raba com a mão na consciência nunca foi tão gostoso; reconhecer e potencializar sua identidade nunca foi tão contagiante. Cantar e celebrar o orgulho LGBTQIA+ é revolucionário, empoderar o feminino para além da vulva é mais que subversivo, mas usar uma linguagem debochada é o tiro certo para convidar quem escuta a também deixar de ser objeto para ser sujeito, consciente da sua dimensão cultural e realidade social para exercer seu impacto político.
“Sou eu falando do que eu gosto, para outras lésbicas e bissexuais, pois, em geral, ainda é escasso o número de artistas queer que cantam assim, numa linguagem direta e gostosa pra nós mesmas”, diz DJ Grace Kelly sobre o significado da conexão estabelecida através da empatia. Este papel político não vem do dia para a noite: Grace participa ativamente de coletivos políticos, organiza parada queer e aproveita sua arte para propor transformações sociais inclusivas para quem necessita do olhar atento. Integrar uma “minoria” marca o cerne do nosso ser e caminhar na direção de um horizonte mais acolhedor para os que vêm depois é uma forma de dedicar um presente de lutas a um futuro de tranquilidade.

Sou eu falando do que eu gosto, para outras lésbicas e bissexuais, pois, em geral, ainda é escasso o número de artistas queer que cantam assim, numa linguagem direta e gostosa pra nós mesmas.

Em outra época, falávamos do poder da pussy. Hoje, falamos sobre o tesão com o hit da PPK com graves bem marcados – presentes tanto nas referências da música eletrônica alemã quanto nos clássicos do Baile Funk com Deize Tigrona e Tati Quebra-Barraco – e drops colossais, que reforçam a raiz baiana de Grace com o pagodão. O batidão é certeiro para fazer o corpo todo balançar e celebrar a liberdade e o orgulho em sermos exatamente quem somos, sem abrir mão da diversão que brota no compartilhar das diferenças.
PPK celebra a carreira e história de resistência de uma mulher negra e queer que ousou realizar o sonho de conhecer o mundo para além do que sua vista alcançava do topo das árvores no sertão do município de Barra do Mendes, localizado na monumental Chapada Diamantina. Grace Kelly viu e ouviu o mundo – agregando suas vivências nas pistas de dança como DJ e nas ondas do rádio como locutora – para transformar a experiência em conquista de espaços e fazer as nossas narrativas, que sempre foram invisibilizadas, serem registradas e reproduzidas em alto e bom som. Vá ouvir PPK, porque apostamos que você vai gostar da ideia – e vai descer o rabetão!
PPK celebra a carreira e história de resistência de uma mulher negra e queer
CALOOR record
O single chega às plataformas digitais distribuído pela Ingrooves, agregadora do mesmo grupo da Universal Music (Vivendi). E é mais uma aposta do CALOOR Record, que tem foco em artistas de uma nova tendência Pop Tropical. No fim do ano passado, o selo lançou singles de Felipe Cordeiro e Psirico, Muntchako, Lucas Santtana e Luísa Nascim e de Patricktor4 com os vocais da cantora paraense Keila.