ESPECIAL ELEIÇÕES: Robeyoncé Lima quer ser deputada federal para ampliar uma atuação já elogiável

A pernambucana Robeyoncé Lima é pioneira em várias frentes: é a primeira travesti preta advogada do Norte-Nordeste e codeputada estadual em Pernambuco pela mandata coletiva das Juntas (PSol). Agora quer também ser a primeira deputada federal trans do Estado de Pernambuco e chega com o número para ser eleita em 2 de outubro!

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Ela quer levar para Brasília uma atuação elogiável na Assembleia Legislativa pernambucana, e também reforçar a importância de construir uma base que seja a favor das nossas pautas. A mandata coletiva dela já deu ótimos frutos como, por exemplo, uma lei que garante o respeito à identidade de gênero.

Uma vez ocupando os espaços de poder e decisão, encontramos nossos recursos para promover o país que acreditamos e que finalmente nos representará.

“Votar em mim não é votar na Robeyoncé, é firmar fé no projeto político coletivo e popular que eu, mulher travesti preta, advogada e codeputada, proponho para nossa sociedade e nossas cidades. Acho que a forma de fazer política ela nasce equivocada, porque nasce a partir de um Brasil falsamente branco, cristão e macho”, conta na entrevista a seguir:

Porque as pessoas devem votar em você?

Votar em mim não é votar na Robeyoncé, é firmar fé no projeto político coletivo e popular que eu, mulher travesti preta, advogada e codeputada, proponho para nossa sociedade e nossas cidades. Acho que a forma de fazer política nasce equivocada, porque nasce a partir de um Brasil falsamente branco, cristão e macho. Hoje e cada vez mais conseguimos visualizar a pluralidade que somos nós, brasileires, e precisamos que nossas formas e propostas para gerir um Estado e sua população sejam finalmente consideradas! Uma vez ocupando os espaços de poder e decisão, encontramos nossos recursos para promover o país que acreditamos e que finalmente nos representará.

O que você vai fazer quando se eleger? quais suas 3 principais propostas?

Promover a cidadania e o bem viver de toda a população, principalmente das mais vulnerabilizadas, vai ser meu primeiro passo na Câmara Federal, como a continuação do meu trabalho na Assembleia estadual. Nesses sentido, a renda básica universal permanente, com foco em famílias e pessoas LGBTQIA+ e mães solo, em sua maioria mulheres pretas, será uma medida necessária e urgente. Com fome a gente não tem saúde, educação, cultura, lazer, nada… Além disso, precisamos de políticas de saúde preparadas para as demandas de populações específicas, como uma atenção básica de saúde para a população negra e outra LGBTQIA+, garantindo profissionais, tratamento, equipamentos e medicamentos demandados por essas populações em todos os postos de saúde da família, com atenção na rede de saúde dos interiores. Uma última medida que considero de extrema urgência é garantir políticas de permanência nas escolas e universidades, ampliando e fortalecendo a lei de cotas para que progressivamente tenhamos um retrato diferente de sociedade, com pessoas negras e LGBTQIA+ em todas as profissões e ocupando espaços de poder e decisão.

Promover a cidadania e o bem viver de toda a população, principalmente das mais vulnerabilizadas, vai ser meu primeiro passo.

Qual a importância de votar e eleger pessoas LGBT+ em todo o brasil?

Nós estamos subrepresentadas na política brasileira. Nós pessoas T somos um total de ZERO no Congresso Nacional e nunca uma de nós ocupou um cargo no Executivo. Esse cenário faz com que, por exemplo, a gente, pessoas LGBTQIA+, não tenha um acesso à saúde garantido, os equipamentos, profissionais e tratamentos disponíveis não abarcam nossas demandas… nem as políticas de educação, de cultura, moradia… nada… Nossa cidadania é judicializada como sempre foi, não podemos permitir mais uma eleição que perpetue esse quadro, é urgente que façamos nossas leis nós mesmas, para promover as garantias que até hoje nos são negadas e afastar, de uma vez por todas, a fragilidade da judicialização da nossa cidadania e de nossos direitos fundamentais. Nossa vida, nosso nome, nossa história, é inegociável!

“Nós estamos subrepresentadas na política brasileira.”

Como você espera que seja o Brasil de 2023?

Não só sonho com um país livre do bolsonarismo fascista e miliciano no posto mais alto do Poder Executivo, como acredito piamente que esse sonho está se tornando realidade e tem tudo para que aconteça. É preciso tem sensibilidade de saber que a queda de Bolsonaro não implica na derrocada total do fascismo, e que nosso futuro representante, que compõe diretamente com uma força de centro liberal, precisa de nós à esquerda o puxando para perto do povo e da construção popular! Então eu espero um Brasil de diálogo e cidadania para as pessoas negras, lgbtqia+, periféricas, com deficiência, do campo e da cidade, de comunidades tradicionais, trabalhadoras/es e todos os grupos oprimidos.

Qual o seu maior sonho?

Sonho com uma sociedade justa, livre, igualitária, antirracista, antimachista, antilgbtqia+fóbica, anticapacitista, antiproibicionista e pelo bem viver de todas nós.

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