Longa francês transmite o crescimento de algo que se parece com o amor em meio a uma situação delicada
Por Eduardo de Assumpção*
“Theo & Hugo” (Paris 5:59: Theo & Hugo, França, 2016) O filme, de Olivier Ducastel e Jacques Martineau, começa em um sex club sugestivamente chamado L’Impact, onde como voyeur, o público acompanha uma orgia, por 18 minutos. Apesar de hardcore, com pênis eretos e sexo oral, a cena não é pornográfica, já que é filmada de maneira bastante artística, lembrando a estética de Gaspar Noé.
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O encontro de olhares entre Theo(Geoffrey Couet)e Hugo(François Nabmot) no club os leva a um inevitável sexo voraz. Mas a transa parece sugerir algo mais. Amor à primeira vista? Talvez. Referenciando o clássico da nouvelle vague de Agnes Varda, ‘Cleo das 5 às 7’ o título original ‘Paris 05:59’ acompanha os dois jovens em tempo real desde o momento em que saem do clube de sexo, pouco depois das 4h30, até o minuto indicado no título.
Andando de bicicleta pelas madrugadas de Paris, eles começam a falar sobre a vida. A emoção emerge quando eles param de pedalar e começam a se lembrar do que aconteceu no clube. Hugo admite que teve um orgasmo dentro de Theo sem usar preservativos e que ele convive com o HIV.
Apesar de Hugo estar indetectável e ter poucas chances de ter transmitido o vírus para Theo, eles decidem procurar uma médica, que lhe dá um tratamento de 28 dias, para evitar o contágio. A abordagem do filme sobre a vida saudável de pessoas convivendo com o HIV e o sistema de saúde da França é muito relevante na trama.
O longa transmite o crescimento de algo que se parece com o amor em meio a uma situação delicada e de dificuldades. Será que os protagonistas engatarão o romance sorodiscordante? No entanto, o seu maior trunfo está em trazer uma abordagem atual e otimista para o HIV no cinema.
Disponível na @filmicca
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib