Robeyoncé: a travesti negra mais bem votada da História de Pernambuco
Candidaturas trans e travestis não eleitas no dia 2 de outubro não perderam nada e a gente explica os motivos
Várias candidaturas LGBT+ não venceram as Eleições 2022, no domingo, 2 de outubro. Mas é impossível dizer que foi uma derrota, principalmente, dentro do nosso movimento, para pessoas trans e travestis. E trazemos alguns dos muitos nomes que estavam nas urnas e provam isso: Thabatta Pimenta (PSB-RN), Benny Briolly (PSol-RJ), Neon Cunha (PSol-SP) e Robeyoncé Lima (PSol-PE).
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Thabatta teve um crescimento meteórico. Saiu de 264 votos como vereadora em Carnaúba dos Dantas, em 2020, para 40.554 como deputada federal. Ela foi a mais votada do PSB em todo o Rio Grande do Norte, o que já começou a render especulações deliciosas sobre uma possível candidatura à vice-prefeita de Natal em 2024.
“Obrigada Rio Grande do Norte, nós fizemos história. Vocês mostraram que se pode amar uma Travesti. A mais votada do PSB foi ela! Ela não foi esteira de ninguém! Uma votação histórica! Nasce uma nova força política nesse Estado. As ‘minorias’ têm voz”, agradeceu.
Neon fez enormes 35 mil votos em todo o Estado de São Paulo com uma campanha que não ganhou tanta aten$ão dentro de seu partido como outras. Carregou caixa de materiais pela rua, discursou, ocupou e angariou um apoio invejável de gente importante de diversos ramos, da Moda ao debate racial – porque ela transita, dialoga, conquista. Está no jogo, ainda bem.
O caso de Robeyoncé foi bem emblemático: sua votação foi tão expressiva que demorou um pouco para as pessoas entenderem o motivo pelo qual ela não “entrou” ou “subiu”, como se costuma dizer quando a candidate se elege. A legenda atrapalhou, mas continua sua luta como codeputada estadual até dezembro – quando esperamos já estar com Lula eleito presidente.
“Quero agradecer aos 80.732 votos e dizer que graças a você, eu sou a travesti negra mais bem votada da história de Pernambuco! Somos uma força a ser reconhecida e ninguém mais nos impedirá”, lembrou.
Continuando a continuação tem mais continuidade em Niterói (RJ) com a louvável e combativa (e, por isso, necessariamente incômoda) mandata de Benny. Até 2024, a Câmara Municipal niteroiense conta com uma voz que não se cala, um corpo que não deixa seu espaço e uma alma que quer tolerância para todas as religiões. Reeleição? Tomara!
Somos uma força a ser reconhecida e ninguém mais nos impedirá.
“Foram 25.150 irmãs e irmãos que junto comigo fizeram um dos movimentos mais importantes nessas eleições. Mostramos que a travesti preta, favelada e macumbeira não anda só. Saímos com uma grande votação, saímos ainda maiores. Fomos 4.367 em Niterói em 2020 e hoje somos 25.150. É uma grande vitória. E agora eles sabem a força de nosso projeto que não foi para a Alerj por 329 votos”, destacou.
Outras muitas candidaturas também foram vencedoras na questão de conquista de espaço. No jogo da Política, é completamente comum que uma primeira vez não seja de sucesso porque, ainda, existe um esquema engessado dentro de muitos partidos. Há legendas que não abrem mão de financiar suas estrelas – mesmo que essas estrelas já brilhem o bastante.
Mas com a eleição neste ano das duas primeiras deputadas federais travestis no Brasil, Erika Hilton (PSol-SP) e Duda Salabert (PDT-MG), a frase muda para “já tem no Congresso”. Isso quer dizer federalizar a atuação desses corpos. Agora um dado bem interessante: o Fundo Eleitoral de cada partido é calculado conforme o número de parlamentares neste mesmo Congresso.
É simples: Erika e Duda aumentam o dinheiro que seus partidos receberão do Fundo já em 2024, então, meu amor, é melhor respeitar, valorizar, incentivar e, obviamente, votar nessas candidaturas, nessas ELEITAS!