Marina Luísa é o nome do momento na arte trans e é a arte do momento necessária no mundo todo
Marina Luísa Almeida é a artista queridinha do momento – e muito merecidamente. Faz ezatamentchy a arte em si, refletindo o espírito do tempo enquanto expressa seu estilo. São criações esteticamente lindas e socialmente fortes. São engraçadas o bastante para atrair e relevantes o bastante para ensinar sobre transfobia, machismo, racismo e tantos outros temas urgentes nos dias atuais.
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Ela recorda que “sempre fui artista, mas tenho levado isso a sério há uns 10 anos mais ou menos”. Tempo suficiente para ter encontrado uma linguagem própria, público fiel e satisfeito e uma rede de outros artistas que se reforçam, se apoiam, constroem um espaço de crescimento para a população T.
“Aprendi a acreditar em mim, a me desafiar, que é possível fazer diferença nesse país tão transfóbico e injusto. A arte tem me salvado e me possibilita ser mais sensível, humana e representar outras irmãs. Meu público se identifica e interage com as situações retratadas nos desenhos”, diz à Ezatamag na entrevista a seguir:
Como está sendo esta retomada depois da pandemia? Sua agenda de trabalho foi muito afetada?
Tive alguns cancelamentos de exposições e mostras, mas segui produzindo bastante. As vendas caíram um pouco, mas segui firme na minha arte. Se não fosse a internet, muitos artistas haviam passado fome e necessidade. Agora as coisas estão entrando nos eixos.
O que mudou no seu trabalho depois desses dois anos? O olhar de artista muda?
Eu produzi novas séries, algumas obras inspiradas no período de isolamento. O olhar do artista sempre muda, ainda mais num momento trágico e incerto. Estudei técnicas novas e trouxe bastante novidade para a minha linguagem artística. Atualmente estou focada nas ilustrações digitais. Larguei um pouco as telas e os desenhos analógicos. Estou investindo na área de ilustrações e busco trabalhos e parcerias. Tenho produzido cartoons, tirinhas e charges, e meu engajamento deu um up. Meu público se identifica e interage com as situações retratadas nos desenhos.
Como você vê o crescimento da arte trans no Brasil e no mundo nos últimos anos?
Percebi que tem surgido muitos artistas trans, o que é maravilhoso e necessário; seja nas artes plásticas, música, teatro, dança e etc…Estamos crescendo, conquistando espaços e representando toda uma população que por anos foi apagada e impedida do acesso à cultura.
Os estudos me possibilitaram me conhecer e me fazer trilhar por um mundo mais suportável e bonito.
Como você descobriu a artista dentro de você?
Sempre fui artista, mas tenho levado isso a sério há uns 10 anos mais ou menos. Tive contato com a arte muito cedo, desenho desde criança e sonhava (ainda sonho) em ser ilustradora de livros infantis. Sou formada em Moda e depois fui estudar artes visuais. Os estudos me possibilitaram me conhecer e me fazer trilhar por um mundo mais suportável e bonito. Aprendi a acreditar em mim, a me desafiar, que é possível fazer diferença nesse país tão transfóbico e injusto. A arte tem me salvado e me possibilita ser mais sensível, humana e representar outras irmãs.
O que você pode dizer para quem está começando na carreira?
Que invista nela, busque rede de apoio com outros artistas que te inspirem. Conheça os espaços culturais de sua cidade e exponha seus trabalhos sejam eles quais forem. E nunca se comparar. Cada linguagem artística é única e estará sempre dentro de nós, nas nossas sensações e visão com aqueles ou aquilo que nos rodeia.
Quais são suas maiores referências?
(Referências trans) As manas que estão nas esquinas trabalhando dia e noite, elas me inspiram pela força e garra. Tenho maior admiração pelas cantoras Linn da Quebrada, Jup do Bairro, Linniker e etc.
(Nas artes plásticas referências cisgêneras) Admiro as surrealistas Leonora Carrington, Remédios Varo, Frida Kahlo, Maria Martins. Gosto muito da Tarsila do Amaral, Anita Malffati, Heitor dos Prazeres entre outros.
Agora me conta o seu maior sonho!
Não saberia mencionar apenas um, mas o principal no momento seria viver 100% da minha arte, gostaria de fazer exposições por todo o país e exterior. Me mudar para uma capital, fazer pós, mestrado e não parar.