Androyde Sem Par lança EP marcado pelo trânsito de sonoridades indígenas com o pop, o blues e a música eletrônica
Androyde Sem Par, formada pelo multiartista potiguara Juão Nyn e pelo produtor musical paulistano Emerson Martins, acaba de lançar o EP ‘Antena Rayz’, terceiro registro de estúdio na carreira da dupla, marcado pelo trânsito entre canções indígenas, pop, blues e música eletrônica.
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Criado em Natal – RN, Androyde Sem Par continua neste EP as experimentações do álbum GRAVE – 2013, que lançou a banda ao sucesso regional, e do álbum Ruynas – 2019, com a mudança temática e o som elaborado que iniciou a parceria entre o duo, marcando o “encontro do homem branco e do homem indígena”.
“Antena Rayz” tem 5 faixas, compostas por Juão e Emmo Martins, que também assina os arranjos e a produção musical. A faixa-título, homônima ao EP, é um flerte entre som industrial e Clube da Esquina, com uma atmosfera densa e obscura. “TEXERETÉ” foi escrita em tupi-guarani por Juão Nyn e o linguista Luã Apyka. “YNCENSO”, um carimbó dançante, conta com a participação especial da drag queen Potyguara Bardo: “Essa junção de dois artistas contemporâneos, da mesma etnia, LGBTs de gerações distintas, vem pra mostrar a quantidade e qualidade que existe na música norte-rio-grandense, polo cultural fora do eixo Rio-São Paulo”, comenta Emerson Martins. “TE AMO ME” é sobre o amor ser um ato de integração e “SAUDADE DE DEMORAR” é uma ode ao ócio.
“Durante a construção desse repertório nós pensamos muito nos fungos, nos micélios, que são a internet na floresta. Algo velho que ao mesmo tempo nos conecta com tudo que é novo. Nós humanos devemos ser os robôs criados pelo reino fungi. Miramos neles que já possuem um formato de anteninha – e que as raízes podem ter quilômetros – numa utopia de destruir muros, borrar fronteiras entre dicotomias criadas pela nossa sociedade que geram segregações desnecessárias. Queremos gerar integrações… Desde sentimentos de amor e bem viver à como nos alimentamos do mundo e o que emanamos de volta para ele”, destacam os artistas.
A gravação do projeto foi financiada pela Lei Aldir Blanc – Inciso III. “Com o aumento dos custos de tudo que é básico para sobreviver e sem financiamento público, esse EP jamais poderia vir ao mundo diante do meu contexto de vida”, revela Juão. “Me mudei para São Paulo pela carência de políticas que financiem a cultura em Natal. Lá fizemos, em 2013, o primeiro álbum por financiamento coletivo. Mas o segundo conta com o apoio de políticas públicas em São Paulo. Antena Rayz é o que plantamos nas Ruynas, é o que desejamos que floresçam: encontros. Acreditamos muito no governo Lula que inicia, como um habitat possível para a democratização do acesso, existência e fruição da arte com pensamento crítico e sensível no Brasil”.