Adriana Leal empodera mulheres negras trans com perfil militante cheio de boa informação

 

A “aquarianja” Adriana Leal faz 21 anos neste mês querendo ir longe, realizar seus sonhos. Mas ela sabe que não será nada fácil em um país racista e transfóbico – o que nem de longe desanima essa maravilhosa moradora da da Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Dá para ver toda essa determinação no perfil super militante e divertido dela no Instagram, o @iamcardidri – onde ela dá dicas valiosas sobre pessoas trans para ensinar contra o preconceito. Fala também sobre terapia hormonal e se posiciona como um corpo negro trans empoderado seguido por quase 42 mil pessoas.

As coisas ficam piores quando você racializa a coisa, o recorte fica bem mais específico e o acesso cada vez mais restrito. Precisamos de aliados brancos e cisgêneros pra superar isso tudo!”, conta ela na entrevista a seguir:

Você mora onde? Como você enxerga a realidade para os LGBT na sua cidade?
Sou da Zona Oeste do Rio. Acho que é pior em outros Estados e até em outros bairros, mas o preconceito está aí. Eu já sofri muito por ser lida como “a bixa preta”, e os recortes variam muito, eu não posso falar por todes, só pela minha realidade.

Como você tem mantido a sanidade nestes tempos desafiadores?
Tenho o privilégio de fazer terapia, me ajuda muito!

Eu já sofri muito por ser lida como “a bixa preta”, e os recortes variam muito.

Quando você começou a sentir que era a Dri e ponto final? Como foi esse processo?
Olha, acredito que eu ainda esteja nesse processo, não sei como serei amanhã, estou em constante construção. O processo já foi mais árduo, hoje estou mais tranquila. Acho que desde o ano passado eu tenho me reconhecido mais.

E para quem também enfrenta neste processo de transição o racismo? Como superar esse mal?
As coisas ficam piores quando você racializa a coisa, o recorte fica bem mais específico e o acesso cada vez mais restrito. Precisamos de aliados brancos e cisgêneros pra superar isso tudo!

Precisamos de aliados brancos e cisgêneros pra superar isso tudo!

Quais são as três perguntas que sempre fazem a uma mulher trans? Como você responde?
“Já operou?”
“É trans ou travesti?”
“Transfobia? Você não acha que está exagerando?”

A reposta depende do meu humor e da pessoa que perguntou. Quase sempre respiro fundo, digo que é uma pergunta desconfortável e respondo ou não.

Por que é importante discutir mais esses assuntos?
Para que todes tenhamos acessos e oportunidades equivalentes a cada recorte e necessidade.

 

O processo já foi mais árduo, hoje estou mais tranquila. Acho que desde o ano passado eu tenho me reconhecido mais.

Quais os planos para o futuro?
Ser ryca haha, brincadeira. Ter uma estabilidade financeira e emocional já seria um bom futuro.

Agora me conta qual é o seu maior sonho!
Clichê, mas sonho em viver em paz, sonho no dia em que nosso caráter venha primeiro que nossos corpos, nossa aparência.